Recentemente, uma pessoa que conheço foi diagnosticada com um linfoma. Pelo menos duas pessoas chamaram a atenção dos médicos que acompanham esta pessoa da existência de doença celíaca na sua família; ambos afirmaram que não há relação entre linfomas e esta doença hereditária, inclusivé uma médica cirurgiã disse que a família não se deveria preocupar porque "a doença celíaca não passava de pais para filhos". A possibilidade não foi sequer ponderada. Perante tanta ignorância, trago hoje um artigo do website Alert Online, que qualquer pessoa minimamente interessada encontraria rapidamente numa pesquisa do Google. Só para registo.
“Doença celíaca
associada ao desenvolvimento de linfoma
Estudo publicado nos “Annals of Internal Medicine”
08 Agosto 2013
Os indivíduos com doença celíaca descontrolada apresentam um
maior risco de desenvolver linfoma, defende um estudo publicado nos “Annals of
Internal Medicine”.
A doença celíaca é uma doença autoimune caracterizada por
lesões na mucosa do intestino delgado que, ao longo do tempo, reduzem a
capacidade do corpo de absorver os componentes dos alimentos. Estes danos são
resultantes da reação ao glúten, o qual pode ser encontrado no trigo, cevada e
centeio.
Os investigadores da Columbia University Medical Center, nos
EUA, explicam que quando um doente é inicialmente diagnosticado, a biópsia
intestinal mostra um achatamento das vilosidades que estão envolvidas na
absorção de nutrientes e fluidos. Os sintomas resultantes da doença celíaca,
que incluem diarreia, perda de peso e anemia, resultam dos danos ocorridos nas
vilosidades. Apesar de não ser prática universal, é realizada uma biópsia de
acompanhamento alguns meses a anos após o diagnóstico, de forma a monitorizar
os efeitos das alterações dietéticas e cicatrização das vilosidades.
Estudos anteriores já tinham sugerido que os pacientes
celíacos apresentavam um maior risco de desenvolver linfoma, mas a razão desta
associação ainda permanece desconhecida. Neste estudo os investigadores
identificaram pacientes com doença celíaca que foram submetidos a uma biópsia
de acompanhamento entre seis meses a cinco anos após o diagnóstico inicial.
Cerca de nove anos após este procedimento, 57% dos 7.625 indivíduos com doença
celíaca apresentaram melhorias, enquanto os restantes tinham ainda as
vilosidades afetadas.
O estudo apurou que comparativamente à população geral, os
pacientes com doença celíaca apresentavam um risco 2,81 maior de desenvolver
linfoma, um cancro que afeta um tipo de células sanguíneas, os linfócitos. Foi
também verificado que os indivíduos que apresentavam uma atrofia das
vilosidades persistente tinham um risco ainda maior (105,4 por 100.00),
comparativamente àqueles em que os intestinos tinham cicatrizado (31,5 por
100.000).
De acordo com os autores do estudo, a cicatrização dos
intestinos parece ser deste modo importante na diminuição do risco de
desenvolvimento de linfoma. Contudo, não se sabe ao certo por que motivo alguns
pacientes continuam a apresentar as vilosidades do intestino atrofiadas.”
Estudos anteriores demonstraram que o processo de cicatrização ocorre mais
frequentemente nos pacientes que adotaram à risca uma dieta sem glúten”,
revelou, em comunicado de imprensa, o primeiro autor do estudo, Benjamin
Lebwohl.
Uma vez que danos persistentes nas vilosidades foram
observados mesmo neste tipo de pacientes, existem outros fatores, ainda não
identificados, que afetam o processo e cicatrização, concluem os
investigadores.
ALERT Life
Sciences Computing, S.A.”
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4 comentários:
Olá, Lucente
É, de facto, de lamentar que tal ainda aconteça. Eu fui diagnosticada há cinco anos (tenho agora 54)e logo na altura me alertaram para o risco acrescido de ter linfoma ou outros tipos de cancro caso não aderisse à dieta rigorosa. Cumpro-a desde então e mesmo assim, não tendo sido diagnosticada com linfoma (graças a Deus!),os meus linfócitos têm um comportamento errático, ora aumentam, ora diminuem. Isto para o médico que me acompanha só significa duas coisas: uma apertada vigilância (não vá o diabo tecê-las, como se costuma dizer!)e o cumprimento rigoroso da dieta. Para concluir, sou seguida por uma gastroenterologista e por um hematologista.
Maria Rosa
Obrigada Maria Rosa pelo comentário, escolheu bem a palavra, lamentável. Ainda bem que está devidamente acompanhada. O cumprimento rigoroso da dieta não é fácil, mas vale a pena, não é?
É claro que sim, embora o diagnóstico tardio possa já não chegar a tempo de evitar certas complicações. Por isso, o diagnóstico precoce da doença é essencial. Não me canso de o repetir! No meu caso,neste momento, as vilosidades do meu intestino estão já normais o que, por si só, é um incentivo grande ao cumprimento da dieta.
Logo, diagnóstico precoce e cumprimento rigoroso da dieta é igual a uma vida sã e saudável. Isto é para todos os jovens (conheço alguns) que me dizem que,de vez em quando, cometem os seus "pecadilhos"!
Obrigada Lucente por este blogue!
Maria Rosa
Obrigada eu, Maria Rosa, por essa demonstração de vontade tão positiva! Infelizmente, nem sempre a encontro em celíacos diagnosticados.
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