INFORMAÇÃO É PODER

DADOS, DICAS E RECEITAS DE VIDAS SEM GLÚTEN



sábado, 29 de junho de 2013

Um aniversário com açúcar

Recentemente, o meu filho fez anos. Estando eu limitada em tempo livre, de pronto a sua avó e tia se ofereceram para que não lhe faltasse um bolo apto e tão apetecível quanto os bolos dos outros meninos. Com a ajuda da pasta de açúcar da marca Sweet Art (que exibe um grande símbolo Sem Glúten nas embalagens e cujo site é bastante explicativo sobre as suas aplicações), as duas fizeram uma pequena obra de arte, especialmente tendo sido o primeiro bolo deste tipo.
O bolo é de chocolate com recheio de ganache, feito com farinha Doves Farm White self Raising, com base nesta receita. É um bom exemplo de que, com boa-vontade e alguma cratividade, uma dieta sem glúten não tem que ser aborrecida. Obrigada!

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Novo e-livro sobre DC e Sensibilidade ao Glúten

Já está disponível para download gratuito um livro editado por Amado Salvador Pena e Luis Rodrigo Saéz, dois conhecidos especialistas em condições associadas ao glúten. Dividido em 25 capítulos, aborda as mais variadas questões relacionadas com esta temática, com a participação de vários investigadores da área, espanhóis e ibero-americanos. Como tal, está escrito em Espanhol, mas é de fácil compreensão e muito útil para quem se interessa por esta temática.

Pode ser descarregado aqui, seleccionando a opção "Export as PDF". 

quarta-feira, 19 de junho de 2013

31: receitas | bloguers | dias

Há uns tempos atrás, recebi um email da Magda, autora do blog Mum´s the Boss, " onde se escreve, num tom leve sobre coisas muito sérias:  Felicidade, Educação e Parentalidade Positiva, com o mote 'a mão que embala o berço é a mão que embala o mundo'". Este contacto trazia uma proposta irresistível pela utilidade que pretendia: fazer um e-book de receitas para os 31 dias do mês com receitas fáceis e rápidas, de modo a facilitar o dia-a-dia da mulher "moderna".

Ora a culinária sem glúten nem sempre é fácil e rápida, mas achei que poder passar uma receita de pão sem glúten e que ficasse bem, era igualmente relevante. Daí que a minha participação, entre as 31 bloguers que aderiram ao projecto, seja de uma receita de pão tipo bijou sem glúten. Nem todas as receitas são sem glúten, mas a maioria é facilmente adaptável, logo este livro acaba por ser útil a qualquer pessoa. O e-book pode ser descarregado aqui. Parabéns Magda pela ideia e pelo trabalho que está excelente!

No caso da minha receita em questão, surge porque um pão sem glúten nunca será igual a um pão com glúten, exactamente porque é esta proteína que faz do pão aquilo que ele é. No entanto, pode-se usar vários métodos para simular as mesmas condições de que um pão com glúten usufrui. O resultado será diferente, mas será na mesma um pão saboroso. Para tal, nesta receita, socorri-me de alguns “truques”:

1- Esta receita leva duas misturas panificáveis sem glúten: a Schar Mix B é essencial, pois permite melhores resultados com receitas de pão; a segunda mistura pode variar de marca, desde que os seus ingredientes sejam principalmente amidos (de milho, batata, mandioca…). Uma mistura para pão integral não iria funcionar, pois o alto teor de fibras produz uma textura mais densa, enquanto o pão desta receita resulta numa massa leve.
2- A farinha de grão-de-bico, sendo rica em proteínas, complementa as misturas panificáveis, pobres em nutrientes. Na farinha de trigo é o glúten a proteína que sustém o fermento, logo nas receitas de pão sem glúten é necessário dar outro tipo de “alimento” ao fermento, neste caso a proteína do grão-de-bico.
3- O gengibre funciona como um melhorante caseiro nas receitas de pão, primeiro porque ajuda a preservar a textura do pão, e, segundo, porque funciona também como alimento para o fermento.
4- O ácido ascórbico, o nome científico da conhecida vitamina C, é um reconhecido antioxidante e cria um ambiente acidíco no qual o fermento prolifera. Caso não o encontrem à venda, pode-se substituir por 1 colher de chá de sumo de limão.

Pão Bijou
Ingredientes:
250 gramas de farinha Schar Mix B
200 gramas de farinha panificável SG (marcas Jumbo, El Corte Inglés, Procelli,…)
50 gramas de farinha de grão-de-bico (marcas Doves Farm, Bauckhof)
5 gramas de sal fino
½ colher de chá de gengibre em pó
430 ml de água com gás
25 gramas de fermento fresco (1 cubo da marca Levital)
1 colher de chá de açúcar
¼ colher de chá de ácido ascórbico/ vitamina C (marca Doves Farm)
2 colheres de sopa de azeite
Para pincelar
Água
Azeite

Aqueça a água com gás, coloque metade na cuba da sua batedeira e a outra metade num copo. Neste, dilua o açúcar primeiro e depois o fermento, mexendo bem até estar totalmente dissolvido. Coloque o copo num local morno durante 10 minutos até obter um dedo de espuma.

Entretanto, misture bem as farinhas com o sal e o gengibre até obter uma cor homogénea, i.e., até que nenhum elemento sobressaia. Reserve.

Junte o fermento à restante água na cuba da batedeira, mais o ácido ascórbico e o azeite. Acrescente as farinhas e deixe a batedeira amassar durante cinco minutos em velocidade média.

Enquanto isso, ligue o forno a 50ºC durante três a cinco minutos para criar um bom ambiente para a levedação. Desligue o forno e coloque dentro a cuba com a massa, tapada com um pano húmido, durante 30 minutos.

No final desse período, enfarinhe bem a bancada de trabalho e as mãos com farinha sem glúten, e vá retirando colheradas de massa que deverá manusear até obter bolas de tamanho médio. Coloque-as num tabuleiro forrado a papel vegetal e leve de novo ao forno morno para levedar mais 20 minutos aproximadamente.

Ao terminar a segunda levedação, faça cortes no centro das bolas de massa e pincele-as com uma mistura em partes iguais de água e azeite. Coloque um pequeno recipiente com água na base do forno para humidificar o ambiente e ligue o forno a 200ºC, com calor por baixo, durante 25 minutos. Deixe mais cinco ou dez minutos com calor por baixo e por cima, até os pães estarem ligeiramente dourados.

Retire os pães do forno e deixe arrefecer se quiser congelar alguns; senão, comem-se melhor quentes ou mornos (como qualquer pão sem glúten). O pão sem glúten congela muito bem, pois ao descongelar mantém as propriedades do pão recém-feito.

Caso lhe sobre pão, ou a receita não corra bem (o que é normal quando nos iniciámos na panificação sem glúten) pode sempre torrar e triturar para obter pão ralado sem glúten.

Esta receita rende à volta de 12 unidades.




sexta-feira, 14 de junho de 2013

DC com análises negativas- um testemunho

Nem sempre as análises de anticorpos para doença celíaca vêm positivas, aliás, diria mesmo que raramente vêm positivas. Isto porque existe DC mas com serologia negativa e biópsia positiva, ou não existe DC, mas existe sim sensibilidade ao glúten não-celíaca. Esta última, nos dias que correm, ainda só pode ser diagnosticada pela resposta positiva à dieta, com resolução de sintomas e, preferencialmente, com melhoria noutro tipo de marcadores. Logo, e a menos que haja análises claramente positivas, não se pode ficar apenas pelo resultado da analítica quando os sintomas sugerem o contrário.

Tenho acompanhado alguns casos de pessoas que fazem as análises para DC, que são invariavelmente negativas, e os seus médicos fecham a porta à hipótese de uma condição associada ao glúten, ficando estas pessoas sós com os seus problemas. Este testemunho que encontrei recentemente de uma jovem espanhola chamada Sara García, e que escreve o blog Tarragona Sin Glúten, mostra como a biópsia é importante perante análises negativas.





"Como me detectaram a doença

Tudo começou em 2011... Tive o meu filho em Julho de 2011. A partir daqui, tudo mudou. Aos poucos, comecei a sentir-me mal, em concreto eram "indigestões", mas não tinha desarranjos (o que é habitual num celíaco). Também comecei a perder peso, a cada mês um quilo, e estava muito cansada, exausta, não dormia bem e estava muito, muito sensível.

No início, pensei que estava tudo relacionado com o pós-parto e que a mudança de vida ao ter um filho também me estava a afectar. Mas, aos poucos, percebi que nem sempre tinha tão má digestão, mas sim dependia do que eu comia.

Demorou muitos meses, mas a cada vez que o meu estômago doía, apontava num papel o que tinha comido nesse dia. Por fim, tinha uma lista completa dos alimentos: pão, massas, bolos, doces... Com esta lista, fui à minha médica de família. Ela viu a comida descrita na lista, e a primeira coisa que disse que poderia ser era o glúten. Era a primeira vez que ouvia as palavras “doença celíaca”, e não sabia o que é que ela estava a falar. Explicou-me em traços largos em que consistia esta doença, mas disse que não me angustiasse pois tinha que ser testada.

O primeiro teste que fiz foi uma análise de sangue. Esta análise acusou que o cálcio, ferro e vitaminas estavam no limite normal baixo. Mas o mais estranho é que as análises ao glúten estavam negativas. Isto é, de acordo com a análise não era celíaca. A médica ficou surpreendida e referenciou-me para a consulta da especialidade.

O gastrenterologista pediu-me diferentes testes: lactose, frutose, sacarose. Eu fiz todos: a frutose deu positivo e os outros negativos. A frutose poderia explicar porque alguns alimentos me caíam mal, mas outros não. E, entretanto, estava a perder peso, já tinha perdido sete quilos e continuava sem me sentir bem, e muito, muito cansada.

Finalmente, fui encaminhada para a endoscopia digestiva. A endoscopia foi fácil e rápida, estive sempre adormecida e não me apercebi de nada. Após 10 dias, exactamente a 31 de julho de 2012, recebi os meus resultados: Grau 3a da escala de Marsh. O médico disse-me que o glúten tinha danificado as paredes do intestino e, por isso, este não absorvia nada, logo nem vitaminas, gorduras, cálcio, ou ferro... Nada de nada, tudo o que eu comesse, ia fora. Assim, tinha perdido muito peso. Estava preocupada e ​​perguntei ao médico, “e como é que me posso curar?” ao que ele me respondeu: "é preciso eliminar o glúten da tua vida". Mas isto depois de já ter perdido 10 quilos..."

Outros artigos:
Low serological positivity in patients with histology compatible with celiac disease in Perú

sábado, 8 de junho de 2013

Donuts sem glúten

Aqui está a receita que é sempre um sucesso com os miúdos, aquele doce que é de tão fácil acesso na sua versão com glúten, mas que é raro encontrar apto para uma dieta sem glúten: o donut. Não sendo um alimento saudável, é aquele pequeno luxo que, consumido ocasionalmente, ilumina um lanche para crianças. Usando esta receita como base, adaptei-a também para experimentar um pequeno truque que encontrei recentemente: batatas cozidas e esmagadas. Acrescentá-las a qualquer receita de pão sem glúten, assim como a àgua em que cozeram,  garante uma textura fofa e que permanece húmida durante 2 a 3 dias. Tinha experimentado isto com a receita do pão de forma com sucesso, e quis agora tentar com a receita de donuts. Faz certamente a diferença.

Ingredientes:
200 gramas de farinha Schar Mix B
50 gramas de farinha de grão de bico
100 gramas de batatas cozidas e esmagadas
1 gema de ovo
50 gramas de margarina/manteiga derretida
75 gramas de açúcar
15 gramas de fermento fresco Levital
180 ml de água de cozer as batatas
1 vagem de cardamomo (opcional)

Dissolva o fermento na água de cozer as batatas (já morna). Reserve.

Abra a vagem de cardamomo, retire as sementes que estão no seu interior e junte-as numa tigela com a margarina, o açúcar e a gema.

Na cuba da sua batedeira, misture bem as farinhas e junte-lhe a mistura com a manteiga. Bata bem até obter uma massa areada e acrescente aos poucos a água com o fermento, até a massa ficar homogénea. Cubra a cuba com um pano húmido e deixe a levedar num local morno durante uma hora.

A massa poderá então ser cortada em donuts, mas o ideal é que descanse 12 horas (ou durante a noite) no frigorifíco para melhorar a sua textura. Estique-a então entre duas folhas de papel vegetal até uma espessura de 1,5 centímetro e corte os donuts com um molde específico, como este (não sendo possível use uma malga e uma tampa de garrafa).

Tape os donuts com papel transparente e deixe levedar em local morno até dobrarem de volume. De seguida, frite-os em óleo vegetal não muito quente, um minuto de cada lado, e coloque sobre papel absorvente. Pode decorá-los com uma cobertura de chocolate, uma calda de açúcar ou, simplesmente, com açúcar em pó e canela.

Esta receita rende 16 unidades.

Cobertura de chocolate
Ingredientes:
30 ml de leite/ leite vegetal
55 gramas de margarina/manteiga
10 gramas de geléia de milho/arroz
75 gramas de chocolate em barra
1 colher de chá de essência de baunilha
100 gramas de açúcar em pó

Numa panela, derreta a margarina com o leite, a geléia e a baunilha. Mexa bem, baixe o lume e junte o chocolate até este derreter. Desligue o lume e junte o açúcar em pó, mexendo sem parar até este estar bem dissolvido. De seguida, cubra os donuts, retirando o excesso; caso queira colocar enfeites, espalhe-os de seguida sobre a cobertura de chocolate para que estes adiram bem.










quinta-feira, 6 de junho de 2013

A história da Shannon

Porque nunca é demais lembrar dos efeitos que uma condição associada ao glúten pode exercer na fertilidade, o post de hoje é um testemunho recente de uma jovem americana chamada Shannon que sofre de abortos recorrentes cuja causa parece ser a doença celíaca. Do blog The Daily Diatribe.

"Faz quatro anos em Julho que eu e o meu marido nos casámos. Em Outubro de 2010, descobri que estava grávida. Estávamos muito satisfeitos. Várias semanas depois, abortei a 1 de dezembro de 2010. Eu pensei que o meu mundo tinha acabado. Nenhuma dor poderia ser pior do que aquilo.


Imagem do The Daily Diatribe

Continuámos a nossa jornada para nos tornarmos pais. Depois do meu aborto, o meu período ainda não tinha chegado. O meu ginecologista deu-me um medicamento para que este aparecesse. Mas umas vezes aparecia, outras não. Finalmente, após vários meses nisto, o médico disse para tomar também Clomid para me ajudar a engravidar e funcionou! Os meus ciclos eram tão irregulares que eu não tinha ideia de quando ovulava. Estávamos tão animados, mas com medo de outro aborto. Parece que tive de suster a respiração até ao fim do primeiro trimestre. Então, no dia de Acção de Graças, fiz a ecografia do segundo trimestre para certificar-me de que o bebé era saudável. Foi então que o técnico descobriu que ele não tinha um diafragma no seu lado esquerdo.

Em 6 de dezembro de 2011, fui para a minha primeira consulta no Hospital Infantil de Filadélfia. Estivemos lá 13 horas, e soubemos de um defeito de nascença possivelmente fatal que nunca nenhum de nós tinha ouvido falar antes. O meu filho tinha uma hérnia diafragmática congénita do lado esquerdo. Tinha uma hipótese de sobrevivência de 50%.

Foi-me dito para continuar grávida e divertir-me. Em 6 de abril de 2012 às 9:07, dei à luz um menino com 4,100 kgs e 54 centímetros, a quem demos o nome de Michael Thomas. O Michael não chorou ao nascer, ele não era capaz de o fazer. Os intestinos, estômago e parte do fígado estavam todos na sua cavidade torácica, devido à falta de diafragma. Foi levado para a UCI Neonatal e fui ter com ele uma hora mais tarde. Eu sabia que o prognóstico não era bom porque levaram-me a vê-lo de imediato após a minha cesariana.

Às 4h03, o Michael deixou-nos para estar com os anjos no céu.

Quando pensei que o meu aborto espontâneo no ano anterior tinha sido o fim do mundo, estava errada. Nenhuma dor se pode comparar à dor de perder um filho.

Vários meses depois de perder o Michael, o meu marido e eu começamos a consultar com um especialista em fertilidade dado que o meu ciclo menstrual nunca foi normal e precisava de alguém para nos ajudar. Tomei medicamentos de fertilidade em formato comprimido e passei dias a injectar-me com hormonas. Finalmente, depois de oito meses, no dia 1 de janeiro de 2013, tive um teste de gravidez positivo. Estava sob supervisão cerrada do meu especialista, mas apesar de o bebé ter uma pulsação forte, os meus níveis hormonais estavam a descer e a 6 de Fevereiro de 2013 tive outro aborto. Tristemente, este não foi tão emocionalmente doloroso como o primeiro ou como perder o meu filho.

Nessa altura, comecei a ficar mais vigilante com o que comia e com as minhas rotinas de exercícios. Perdi cerca de dez quilos num período de dois meses, e no dia anterior ao que teria sido o primeiro aniversário do Michael, tive um teste de gravidez positivo. Pensei que fosse uma bênção de Deus e do meu anjo bebé.

Voltei a estar sob constante supervisão do médico, mas sem sucesso. Cerca de duas semanas depois, abortei novamente. Foi nesse momento que o meu médico me mandou fazer um painel genético com análises sanguíneas. Dezoito frascos depois, tínhamos a esperança de obter alguns resultados. Esta semana recebi um telefonema dele a informar que, nos meus exames, os marcadores para a doença celíaca estavam muito altos. Fui a um gastrenterologista ontem e, após examinar as minhas análises, confirmou que estes eram, de facto, bastante elevados. Ele irá realizar uma endoscopia na segunda-feira para confirmar que tenho doença celíaca.

O que eu não sabia é que há uma forte ligação entre a doença celíaca e aborto/ infertilidade. Aparentemente, mesmo que eu nunca tenha estado fisicamente doente ou que tivesse sinais exteriores de uma questão com o glúten, os meus intestinos estariam tão danificados que o meu corpo não poderia absorver os nutrientes e passá-los para o feto, daí as perdas. Assim, estou a mudar a minha dieta, não só porque tem de ser (e, no fim, vou-me sentir muito melhor e mais saudável), eu estou a fazer isso com a perspectiva de poder ter um filho forte e saudável que vou conseguir segurar nos meus braços mais do que uma vez. Uma criança que chora e que me mantém acordada a noite toda. Uma criança que vai pintar a parede com os lápis. Uma criança que vai precisar de uma apoiante no seu primeiro jogo / claque / bailado. Uma criança que vai voltar para casa depois do primeiro encontro e ter vergonha de me dizer se tudo correu bem, mas, ao olhar para o seu rosto, saberei que ele deu o seu primeiro beijo. Uma criança que vai participar de um baile. Uma criança que eu vou ajudar a planear o casamento e acompanhar até ao altar. Uma criança que vai fazer de mim uma avó. Uma criança que vai ter que enterrar os seus pais, e não um pai a enterrar o seu filho novamente."

Outros posts sobre o mesmo tema:


sábado, 1 de junho de 2013

Cure Your Child with Food, de Kelly Dorfman

Sendo hoje o Dia da Criança, gostava de recomendar um livro que pretende tratar delas: “Cure Your Child With Food” (Cure o seu Filho pela Alimentação) de Kelly Dorfman foi posto à venda nos EUA em Abril deste ano. É o sucessor do seu anterior livro “What’s Eating Your Child?”, lançado em 2011 e aborda as ligações entre padecimentos comuns na infância tais como infecções crónicas de ouvidos, refluxo, dores de barriga, dificuldades com a alimentação, atraso no crescimento, problemas comportamentais e a dieta. A actual geração de crianças tem a maior taxa de obesidade, alergias alimentares, distúrbios comportamentais e emocionais, doenças auto-imunes e problemas de aprendizagem já registada. A autora acredita que isto se deve, muitas vezes, à sua dieta.

O nome de Kelly Dorfman surgiu-me, por acaso, numa pesquisa, ao ler este artigo. O meu interesse no tema que aborda e as críticas que li espicaçaram a minha curiosidade, pelo que resolvi adquirir o livro na Amazon UK. Depois de terminar a sua leitura, acredito que este livro deveria ser de leitura obrigatória para os pais que lidam com qualquer tipo de problemas de comportamento, ou alimentares dos seus filhos. A informação que disponibiliza acaba por poupar incontáveis ​​horas de pesquisa. Oferece também completas check-lists de sintomas para ajudar os pais a perceber se aquela situação se aplica, ou não, ao seu filho.

Segundo a autora: "Há muitos livros informativos sobre nutrição, mas eu reparei que muitos deles eram aborrecidos. Estava determinada a escrever um livro que não fosse apenas útil, mas também divertido. A parte mais fascinante de ser um detetive da nutrição é lidar diariamente com as situações da vida real. Por essa razão, o livro gira em torno de histórias reais de famílias que lutam com problemas de saúde comuns. Eu compartilho as suas histórias, como descobrimos a solução, se a solução delas ajudaria o seu filho e como aplicá-la ".

A premissa básica dos seus métodos assenta na necessidade de os pais se tornarem “detectives”, algo com o qual só posso concordar: afinal, foi porque pesquisei em páginas e mais páginas web que encontrei a resposta para o que afligia o meu filho. Ela defende que a solução para a saúde das nossas crianças não cabe apenas aos médicos, principalmente quando estes não sabem ou não querem saber mais, mas passa também por um envolvimento directo dos pais nas decisões e na pesquisa de alternativas.

O livro está organizado por condição ou conjunto de sintomas, sendo fácil de usar e de ler pois a Kelly Dorfman recorre a uma linguagem descomplicada, mais apta a leigos. Ela consegue abordar doenças graves e doenças vivenciadas por crianças, sem criar receio no leitor. A organização do livro em quatro secções abrange o campo da nutrição infantil, abordando as mais variadas opções de tratamento nos seguintes capítulos:

Capítulos 1 e 2- aqui a autora aborda as questões gerais da importância da nutrição no desenvolvimento infantil e a necessidade dos pais serem um “detectives da nutrição”;
Capítulos 3 e 4- nestas páginas, trata-se dos meninos que não gostam de comer e para os quais a autora preconiza o programa EAT:
E-Eliminar todos os irritantes que possam causar desconforto;
A-Acrescentar um alimento de cada vez;
T-Tentar comer nem que seja apenas um pedaço de cada novo alimento durante duas semanas.
Capítulo 5- como tratar situações de refluxo;
Capítulo 6- a relação de dores abdominais com a ingestão de glúten;
Capítulo 7- o atraso no crescimento e a deficiência em zinco;
Capítulo 8- a obstipação crónica e a influência dos lacticínios;
Capítulo 9- a queratose pilar (“pele de galinha”) e a deficiência de ácidos gordos essenciais;
Capítulo 10- a falta de sono e os suplementos de melatonina;
Capítulo 11- a hiperactividade e a sua relação com o consumo excessivo de açúcar;
Capítulo 12- a bipolaridade e a ingestão de glúten;
Capítulo 13- a ansiedade e a suplementação com aminoácidos e ácidos gordos essenciais;
Capítulo 14- distúrbios alimentares, depressão e o glúten;
Capítulo 15- a relação de causalidade entre infecções crónicas de ouvidos e o consumo de lacticínios;
Capítulo 16- os aditivos tóxicos na alimentação e as perturbações do comportamento e alergias;
Capítulo 17- a dispraxia (um caso de “atraso na fala”) e um programa de suplementos: Omega 3, Vitamina E e Fosfatidilcolina;
Capítulo 18- os transtornos do processamento sensorial;
Capítulo 19- Perguntas mais frequentes.

Ao longo do livro, Kelly Dorfman recorre aos mais variados estudos científicos e opiniões médicas para validar as suas opções de tratamento. Refere sempre a importância da boa suplementação, com produtos e marcas de confiança, assim como da boa alimentação, sempre que possível com produtos orgânicos. Os seus site e blog complementam a informação do livro e são uma via de contacto: enviei-lhe, por email, uma questão relacionada com um capítulo do livro e recebi prontamente a sua simpática resposta. Como é óbvio, a autora recomenda procurar ajuda profissional se os resultados desejados não forem alcançados, mas, pelo menos, a informação no livro dá aos leitores um ponto de partida.


Artigos da autora:
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