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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Contar ou não?

Imagem retirada da Net
Um post recente no blog Anti-Wheat Girl chamou-me à atenção um artigo de opinião que saiu no jornal Washington Post em que uma mãe relata como optou por, durante um mês, não contar à filha de 11 anos que tinha sido diagnosticada com doença celíaca. A criança já tinha um diagnóstico de tiroidite de Hashimoto e a mãe não a queria “sobrecarregar”. Aliás, os pais tentaram encontrar um médico que lhes dissesse que podiam esquecer o diagnóstico de doença celíaca. Felizmente, ninguém lhes disse isso.

Contudo, não partilharam o resultado da biópsia com a filha inicialmente porque esta estava a frequentar um campo de férias. Decidiram contar-lhe quando regressasse, mas entretanto foram passar uma temporada à praia e continuaram sem lhe contar, isto enquanto a viam ingerir glúten despreocupadamente. Foi na viagem de regresso que a menina perguntou pelo resultado da biópsia e os pais lhe explicaram o resultado. Surpreendentemente para os pais, a criança aceitou bem o diagnóstico e aderiu à dieta sem problemas.

Enquanto resisto ao impulso de criticar estes pais, tento compreender: a criança, aparte dores de barriga ocasionais, era assintomática. Eles não tinham feito o percurso de muitos pais que vêm os filhos a adoecerem dia após dia, sem resposta por parte dos médicos; nesta situação, quando aparece o diagnóstico de doença celíaca, o que domina é a sensação de alívio, porque já tantos cenários terríveis lhes tinham ocorrido. Além disso, ela já tinha outra doença auto-imune que, apesar de controlada, gera sempre preocupações. Como diz a mãe a dada altura, ”Eu não queria lidar com isso. Para além da minha auto-comiseração, sentia-me mal em pensar como a minha filha, sendo tão nova, teria que estar hiper-vigilante acerca da sua saúde e dieta”. 

No entanto, o facto é que enquanto estivesse a comer glúten, apesar de uma aparência saudável, o seu intestino deteriorar-se-ia cada vez mais. Até que ponto é que eles iam “esquecer” o diagnóstico? E como é que aguentavam vê-la comer glúten quando sabiam o mal que lhe fazia? Considerando que se trata de uma criança de 11 anos, capaz de compreender e gerir as consequências do seu diagnóstico, ainda se compreende menos que os pais tomassem esta decisão por ela. Especialmente, como se veio a verificar, quando não havia razões para dramatizar a situação.

Aceito, apesar de ter dificuldades em compreender, que um adulto queira ignorar um diagnóstico de doença celíaca (até conheço alguns). Que pais o façam já não consigo aceitar. Por mais que custe “digerir” um diagnóstico de doença celíaca, principalmente com o impacto que ainda tem na vida social dos seus portadores, é essencial, após um compreensível período de luto pela realidade que já não o é, focarmos os seus aspectos positivos: a dieta recupera a saúde sem necessidade de medicamentos e pode evitar o desenvolvimento de outras doenças a longo prazo. Que pai/mãe não deseja isso para a sua criança?

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2 comentários:

Anonimo disse...

Ola! Gosto muito do Seu blog . Sou diabetica tipo 1 e ao engravidar fiquei Tambem com doenca celiaca, ainda que assintomatica.... A certa Altura e Tudo Tao pesado para uma Pessoa so. Eu compreendo Estes pais .

Lucente disse...

Obrigada pelo comentário.
Gerir diabetes tipo 1 e doença celíaca não é nada fácil e, infelizmente, não é uma situação rara. Acredito que às vezes lhe apeteça mandar tudo às urtigas... Se puder ajudar com alguma dúvida, mande um mail se quiser.

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