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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

A biópsia no diagnóstico de DC


Imagem retirada da Net

Apesar da recente perda de importância que a biópsia tem vindo a sofrer como o instrumento de diagnóstico preferencial da doença celíaca (DC), ainda é, em muitos casos,a técnica que "fecha" o diagnóstico. Mas, como em tudo na vida, não é perfeita: depende dos bons conhecimentos do médico que a realiza e depende da experiência e bom olho clínico do patologista que examina os espécimes. No artigo que hoje apresento aborda-se a questão do número de espécimes a retirar, sendo que quatro é o número minímo, mas é uma recomendação que muitos médicos ignoram (sem falar daqueles que acham que o diagnóstico é feito a olho nú e não retiram espécime nenhum... como já ouvi uma médica dizer).

A fase de análise patológica é de extrema importância e a prova de que a mesma foi bem feita, é a expressão dos resultados segundo a Escala de Marsh. As alterações patológicas no intestino delgado detectadas por biópsia são caracterizadas num espectro de anormalidades descritas por Marsh e conhecido como a Escala de Marsh. O diagnóstico da DC é feito, habitualmente, quando se estabelece um nível de Marsh 3 ou atrofia das vilosidades; no entanto, esta atrofia pode ser irregular ou presente em outros transtornos como hipogamaglobulinemia, gastrenterite infecciosa aguda, ou intolerância ao leite. Além disso, há crescente evidência de que a DC deve ser diagnosticada quando começam a aparecer alterações, tais como nos níveis de Marsh 1 ou 2, quando existe também seropositividade e boa resposta à dieta: 

Espectro histológico do envolvimento intestinal na Doença Celíaca
• Marsh 0: normal
• Marsh I: lesão inflitrativa; linfócitos intraepiteliais aumentados
• Marsh II: lesão hiperplásica (tipo 1 com hiperplasia das criptas)
• Marsh III: lesão destructiva (tipo 2 com atrofia vilositária)
• Marsh IV: lesão hipoplásica como no linfoma de células T

Deste modo, convém ter presente estas questões quando se apresenta para uma endoscopia. O artigo que se segue é da Science Daily.

"Baixa adesão às directrizes para biópsia afecta o diagnóstico da doença celíaca nos Estados Unidos

ScienceDaily (7 de julho de 2011) - Um novo estudo descobriu que a maioria dos pacientes submetidos à biópsia do intestino delgado não faz o número recomendado de amostras para diagnosticar a doença celíaca. O estudo, publicado na edição de julho de 2011 da revista Gastrointestinal Endoscopy, analisou um banco de dados nacional de biopsias mantidos por Life Sciences Caris,  em Irving, Texas. Mais de 100.000 pacientes fizeram uma biópsia do intestino delgado, mas apenas 35 por cento deles tinha pelo menos quatro amostras recolhidas, o número recomendado por orientações profissionais.

A doença celíaca é comum, afectando aproximadamente 1 por cento da população nos Estados Unidos. No entanto, a grande maioria dos pacientes com doença celíaca nos Estados Unidos não estão diagnosticados. Muitos destes doentes procuram os serviços de saúde para os sintomas, incluindo diarreia, perda de peso, ou fadiga devido à anemia. O diagnóstico da doença celíaca é feito por biópsia do intestino delgado, mas factores relacionados com o desempenho da biópsia pode contribuir para o sub-diagnóstico da doença celíaca nos Estados Unidos.

"A doença celíaca pode afectar o intestino delgado numa distribuição irregular, e assim com apenas uma ou duas amostras de biópsia poder-se-ia perder a evidência da doença", disse o autor Benjamin Lebwohl, MD, MS, gastrenterologista do Centro de Doença Celíaca na Universidade de Columbia University Medical Center, em Nova Iorque. O  Dr. Lebwohl e co-autores tiveram como objetivo medir a prática da pequena biópsia intestinal nos Estados Unidos. O banco de dados de patologia  Caris consiste em amostras submetidas pelos gastrenterologistas de 43 estados, assim como de Porto Rico e do Distrito de Columbia. A equipa também comparou a taxa de diagnóstico entre os pacientes que tiveram pelo menos quatro amostras submetidas, de acordo com as orientações.

Os investigadores identificaram 132,352 indivíduos submetidos à biópsia entre 2006 e 2009, com uma variedade de indicações médicas, incluindo diarreia, dor abdominal, refluxo esofágico, e anemia. Apenas 35 por cento deste grupo tiveram pelo menos quatro amostras submetidas, e o número mais comum de amostras submetidas foi dois. Mas a adesão à recomendação de apresentar pelo menos quatro espécimes mais do que duplicou a taxa de diagnóstico de doença celíaca.

Mesmo quando os médicos indicaram que havia suspeita de doença celíaca (por exemplo, quando os pacientes apresentavam resultados positivos nos exames de sangue da doença), menos de 40 por cento dos pacientes tiveram, pelo menos, quatro amostras submetidas; o diagnóstico aumentou sete vezes quando as orientações foram seguidas.

"O processo de aumentar o número de espécimes de 2 para 4 leva, aproximadamente, um minuto extra durante a endoscopia", disse o Dr. Lebwohl. Dado o alto rendimento incremental de apresentar pelo menos quatro amostras, demorar este minuto extra parece ser justificado.

"Neste estudo identificamos apenas um dos factores que contribuem para a alta taxa de sub-diagnóstico da doença celíaca nos Estados Unidos. Pretendemos estudar outros factores relacionados com o médico que também podem ser operatórios", disse o Dr. Peter Green, Director do Centro de Doença Celíaca da Columbia University Medical Center, que também é um dos autores deste estudo."

Outros artigos:
Coeliac disease: The histology report

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