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DADOS, DICAS E RECEITAS DE VIDAS SEM GLÚTEN
DADOS, DICAS E RECEITAS DE VIDAS SEM GLÚTEN
sexta-feira, 31 de outubro de 2014
quarta-feira, 29 de outubro de 2014
O aumento da doença celíaca ainda surpreende os cientistas
O post de hoje traz um artigo do número actual da revista norte-americana Time e que reúne as pesquisas mais recentes feitas sobre os factores desencadeantes da doença celíaca, algo que já tinha sido abordado aqui. Por coincidência, ou talvez não, a revista New Yorker traz também no seu mais recente número um artigo muito interessante e longo sobre a mesma temática.
"O aumento da doença
celíaca ainda surpreende os cientistas
Este é o seu intestino com glúten
Dois novos estudos no New
England Journal of Medicine abalaram o mundo da investigação celíaca, ambos
provando que os cientistas ainda têm um caminho a percorrer na sua compreensão
da doença celíaca e que afecta cerca de 1% da população, quer eles saibam disso
ou não.
Um estudo
italiano perguntou se a idade em que o glúten é introduzido na dieta pode
afectar a probabilidade de uma pessoa desenvolver esta doença auto-imune, pelo
que mantiveram o glúten longe de recém-nascidos durante um ano. Para choque dos
investigadores, atrasar a exposição ao glúten não fez diferença a longo prazo.
Em alguns casos, atrasou o início da doença, mas não impediu as pessoas de a
desenvolverem, para a qual não existe cura.
O segundo estudo,
com cerca de mil crianças, introduziu pequenas quantidades de glúten nas dietas
das crianças amamentadas, para ver se isto promovia uma tolerância ao glúten a posteriori, naquelas geneticamente
predispostas à doença celíaca. Também não tiveram essa sorte. Embora ambos
estudos tivessem sido excelentemente concebidos e executados, diz o Dr. Joseph
A. Murray, professor de medicina e gastrenterologista da Mayo Clinic, em Rochester, foram cada um "um fracasso espectacular."
O que tem o glúten que leva tantas pessoas a contorcer-se de
dor? Como poderia o inocente e antigo acto de partir o pão, ser tão
problemático para alguns?
É uma pergunta a que os investigadores estão activamente a tentar
responder. "Eu acho que a doença celíaca agora é mais uma questão de saúde
pública", diz o Dr. Murray. Ele está a pesquisar a proteína do pão há mais
de 20 anos e tem visto a incidência da doença celíaca aumentar dramaticamente; esta
é quatro vezes mais comum do que era há 50 anos atrás, de acordo com a sua pesquisa,
publicada na revista Gastroenterology.
Mesmo que os métodos de sensibilização e testes tenham melhorado drasticamente,
eles não podem, por si só, explicar o aumento, diz ele.
Cerca de 1% dos americanos têm doença celíaca, e é
especialmente comum entre os caucasianos. Há uma forte componente genética, mas
ainda não é evidente porque algumas pessoas desenvolvem esta doença e outras
pessoas não. Parece afectar pessoas de todas as idades, mesmo que tenham comido
trigo durante décadas. E não se pode culpar o aumento do consumo desse item; dados
do USDA mostram que não estamos a comer mais disso.
Algo mais no meio ambiente deve ser o culpado, e teorias
abundam sobre os possíveis factores, desde cesarianas ao uso
excessivo de antibióticos, assim como a hipótese da higiene que sugere que, à
medida que o nosso meio ambiente tornou-se mais limpo, o nosso sistema
imunológico tem menos que fazer e por isso vira-se contra si próprio- e contra
alimentos específicos como o glúten- como uma distração.
Ou talvez haja algo realmente diferente no glúten. A semente
de trigo não mudou assim tanto, mas a forma como processamos e preparamos os
produtos com glúten mudou sim, diz o Dr. Murray. "Houve alguns pequenos
estudos que olharam para as antigas formas de panificação... E que sugeriram
que estas não eram tão imunogénicas, não produziam uma resposta imune tão forte
como acontece com técnicas de preparação de pão e grãos mais modernas",
diz o Dr. Murray.
Um pequeno estudo de 2007
descobriu que o pão sourdough quando
fermentado com bactérias, praticamente elimina o glúten, mas precisamos de muito
mais pesquisas antes que os verdadeiramente alérgicos possam experimentar uma
só fatia que seja.
O Dr. Alessio Fasano, director do Centro de Pesquisa Celíaca
e chefe da divisão de gastrenterologia pediátrica e nutrição no Massachusetts General Hospital for Children,
foi co-autor do estudo recente sobre a amamentação e o momento da introdução do
glúten. Diz que achou os "importantes e imprevisíveis resultados” chocantes.
A lição aprendida a partir desses estudos é que há algo para além do glúten no meio
ambiente que pode eventualmente fazer tombar as pessoas geneticamente
predispostas de tolerantes à resposta imune ao glúten, para desenvolverem a
doença celíaca ", diz.
Ele suspeita que isto pode resultar da maneira como a dieta
moderna, hiper-processada, influencia a composição das nossas bactérias intestinais.
"Estas bactérias comem o que nós comemos", diz o Dr. Fasano. "Temos
vindo a mudar radicalmente o nosso estilo de vida, especialmente a maneira como
comemos, rápida demais para os nossos genes se adaptarem." O Dr. Fasano
espera explorar o microbioma no seu próximo estudo, em que irá acompanhar
crianças desde o nascimento e procurar uma assinatura no seu microbioma que
preveja a activação dos genes avessos ao glúten, e que levam uma criança a
desenvolver a doença celíaca. A esperança, então, é que com uma intervenção através
do uso de probióticos ou prebióticos traga os problemáticos intestinos de
"beligerantes para amigáveis."
"Isso seria o Santo Graal da medicina preventiva",
diz."
segunda-feira, 27 de outubro de 2014
Bolo de chocolate de Maizena
Ás vezes, as receitas sem glúten envolvem tantos ingredientes que conseguem demover o mais tenaz dos cozinheiros. Logo, quando aparece uma receita como esta, tem que se experimentar, pois está acessível a qualquer um.
Ingredientes:
4 ovos
130 gramas de margarina
130 gramas de açúcar
200 gramas de chocolate Nestlé Culinária
130 gramas de farinha Maizena
Leite q.b.
Separe as gemas das claras e bata estas últimas em castelo.
Reserve.
Derreta a margarina no micro-ondas, junte-lhe depois o
açúcar e misture bem com uma vara de arames. Acrescente as gemas uma a uma enquanto
mistura com a vara.
Entretanto, derreta o chocolate com um pouco de leite em
intervalos de 30 segundos no micro-ondas, e junte-o ao preparado anterior,
misturando bem.
Peneire a Maizena para a massa e volte a bater com a
vara até ficar tudo homogeneizado. De seguida e com cuidado, envolva as claras
em castelo na massa com uma colher.
Unte a forma escolhida e leve ao forno pré-aquecido a 160ºC
durante 30 a 40 minutos. Deixe arrefecer um pouco na forma e transfira depois
para uma rede de modo a esfriar completamente.
segunda-feira, 20 de outubro de 2014
Livro "The How Can It Be Gluten Free Cookbook?"
Quando encontrei este post da Gluten Free Girl em que esta falava de um novo livro de receitas
elaborado pela America’s Test Kitchen,
tratei logo de descobrir onde o podia encomendar. Afinal, não é todos os dias
que se encontram receitas testadas em laboratórios a sério, se bem que às vezes
ache que as cozinhas de quem faz dieta sem glúten se possam assemelhar a
laboratórios, tantas são as experiências que se fazem.
Encontrei-o aqui e encomendei, pois pareceu-me um bom
investimento, ainda que soubesse à partida que a maioria das receitas iria
incluir lacticínios, o que limita a aplicação destas receitas aos muitos
celíacos e sensíveis ao glúten que não conseguem digerir este tipo de produtos.
Mas com o livro chegado e lido, concluo que foi uma boa compra. Tem imensas
receitas entre doces e salgados, com fotos e algumas, inclusive, com passo a
passo; noutras, explicações porque é que a receita funcionou.
Já apliquei duas das dicas que dão: farinha de amêndoa na
massa da pizza, e uma mistura para panar* que produziu uns filetes de peixe que
levaram o meu filho mais novo, e extremamente selecto com o que come, a afirmar
“adoro o teu peixinho”. Há lá melhor investimento do que este?
Deixo o prefácio do livro, escrito pelo editor Christopher Kimball, e que ilustra bem o propósito do mesmo e as suas aplicações.
“Deixem-me começar pela triste verdade. A grande maioria das
receitas sem glúten ou não resultam ou produzem resultados tão fracos que se
torna difícil comê-los. Os queques são granulosos e farelentos. As bolachas
espalham-se pelo tabuleiro. Os bolos são densos, com uma textura tipo borracha
e extremamente doces. As pizzas
parecem bolachas. E, no geral, os doces são gordurosos.
A culinária sem glúten representa o pináculo do
desenvolvimento de receitas dado que a substituição da farinha de trigo é um
assunto delicado. O glúten forma-se quando duas proteínas do trigo – a glutenina
e a gliadina- estabelecem ligações cruzadas quando são hidratadas. Isto cria o
glúten, uma proteína que se estica para prender os gases, logo que providencia
estrutura durante a confecção. Também permite uma boa mastigação.
Infelizmente, a substituição isolada da farinha habitual por
uma mistura de farinhas sem glúten não funciona. Precisamos de repensar
completamente cada receita, empregando uma série de truques e técnicas para
obtermos os resultados que queríamos. Começámos pela nossa mistura específica
de farinhas e amidos. (…)
A nossa primeira descoberta foi de que algumas massas, tais
como aquelas dos pães rápidos, devem ser batidas com vigor em vez de
gentilmente, o que quebra as regras habituais. Também descobrimos que muitas
massas e misturas ficam melhor quando repousam 30 minutos; isto eliminava a
textura granulada nos produtos finais. Também providenciava mais tempo para que
os amidos presentes na mistura de farinhas sem glúten absorvessem líquidos, o
que ajuda na textura.
O vinagre ajudava a produzir uma massa de tarte mais
folheada. Chocolate branco derretido adicionado a uma massa tipo pão-de-ló permitiu-nos
cortar na manteiga, mas ainda assim obter um bolo intenso sem ser gorduroso.
Também descobrimos que usando menos manteiga, mas adicionando queijo-creme à
massa tipo pão-de-ló resultou num bolo melhor e mais leve, pois este não se
separa facilmente em água e gordura durante a cozedura.
Um dos Santo Graal da culinária sem glúten é o pão de forma
(como devem saber, as ofertas congeladas nos supermercados estão longe do
produto original). A nossa solução passou por incluir psílio em pó para dar
estrutura, leite em pó para obter mais cor, e farinha de aveia para aumentar os
níveis de proteínas. Também adicionamos muita água à massa de modo a obter mais
vapor para uma melhor levedação. Flocos de batatas, ao invés de pão sem glúten,
foram o melhor ligante para umas almôndegas aperfeiçoadas. Também desenvolvemos
receitas para lasagna (só uma marca
de massa sem glúten funcionou), beringela à parmesana, e massa de pizza, talvez o desafio mais difícil
alguma vez enfrentado na nossa cozinha.
(…)
Isto lembra-me o nosso cão de caça, a Kili, que gostava de
perseguir carros. O problema é que ela não fazia ideia do que fazer com o carro
caso o apanhasse. O mundo da culinária sem glúten sofre do mesmo- andam todos à
caça de um objectivo inatingível.
Mas oiçam as boas notícias! Tartes, pães, queques,
biscoitos, bolos, etc., estão de volta à mesa onde pertencem. Sim, pode fazer e
comer o seu bolo. Bom apetite!”
*= Uma mistura na proporção de 70/30 de farinha Maizena com sêmola de milho, mais uma colher de sopa de fermento em pó para bolos.
terça-feira, 14 de outubro de 2014
O glúten e os défices nutricionais
Frequentemente, leio que a dieta sem glúten só deve ser feita por quem tem doença celíaca, pois acarreta défices nutricionais. Nunca entendi porquê, sempre achei que os possíveis défices nutricionais tanto podiam ocorrer numa dieta com ou sem glúten, afinal o glúten é uma proteína não-essencial à vida. Este recente estudo espanhol veio trazer luz a esta questão, pelo que o post de hoje exibe o seu resumo.
"Valorização nutricional da dieta sem glúten
Introdução
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Imagem retirada da Net |
Tradicionalmente, a dieta isenta de glúten tem sido vista como uma dieta saudável, mas há artigos que defendem que esta pode acarretar algumas deficiências nutricionais. No presente estudo foi avaliado se houve alguma mudança na contribuição de calorias, ingredientes ativos, proporção de ácidos gordos, vitaminas, minerais e fibras em crianças que foram diagnosticadas com a doença celíaca, comparando a dieta pré- diagnóstico com glúten com a dieta sem glúten um ano após o diagnóstico. Também foi avaliado o grau de impacto clínico ou analítico que poderiam ter as deficiências nutricionais.
Material e métodos
Estudo observacional, prospectivo e descritivo, em que se recolheram os dados de inquéritos dietéticos, antropométricos e analíticos anteriores ao diagnóstico de doença celíaca e dieta isenta de glúten, assim como os dados após um ano de diagnóstico, com dieta isenta de glúten, de pacientes com diagnóstico de doença celíaca.
Resultados
Trinta e sete pacientes preencheram os critérios do estudo. Verificou-se a diminuição da ingestão de ácidos gordos saturados e aumento dos monoinsaturados, um aumento na ingestão de fósforo na dieta sem glúten e uma ingestão deficiente de vitamina D em ambas as dietas. Clinicamente, no ano com dieta isenta de glúten há melhoria em peso e altura. Analiticamente, há melhoria nos níveis plasmáticos de hemoglobina, ferritina, vitamina D e hormona da paratireoide.
Conclusão
A dieta sem glúten apresenta défices mínimos semelhantes aos presentes na dieta com glúten, registando uma melhoria do perfil lipídico, aumentando a proporção de ácidos gordos mono-insaturados, em detrimento de ácidos gordos saturados."
domingo, 5 de outubro de 2014
Contaminação em padarias
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Imagem retirada da Net |
Nos últimos tempos, tenho ouvido falar de várias padarias e
pastelarias que fazem produtos sem glúten. Indagando sobre a sua situação,
invariavelmente são locais com produção de produtos com e sem glúten, em que o
único cuidado aparente é a elaboração dos produtos isentos antes ou após a
restante produção com limpeza prévia da maquinaria. No entanto, isto não é
suficiente: a farinha pode permanecer no ar entre 6 a 24 horas pelo que
qualquer limpeza será ineficaz se não houver um período de inactividade entre produções.
Se conhecem algum destes locais, façam as seguintes perguntas
antes de consumirem os seus produtos:
- Existe área própria para armazenamento dos ingredientes dos produtos sem glúten com recipientes fechados?
- Os ingredientes usados têm fichas técnicas que garantem isenção de glúten?
- O pessoal faz a sua higiene antes da produção sem glúten? Têm uniformes próprios para a produção sem glúten?
- Existem equipamentos próprios/bancada própria/forno próprio para a confecção sem glúten?
- A limpeza que dizem fazer implica o desmontar de alguns equipamentos para limpeza interna?
- Na zona de venda, os produtos sem glúten estão devidamente acondicionados?
Se não cumprem estes preceitos ou parecem hesitar nas suas respostas,
não consumam pois o risco de contaminação é elevado. A elaboração de produtos
sem glúten deve ser feita em áreas fechadas com produção exclusiva,
equipamentos próprios e com fluxo de ar controlado para as áreas de produção com
glúten.
A farinha que permanece no ar e a farinha residual nos
equipamentos são problemas que não se resolvem com uma limpeza normal. Convém também
lembrar que a legislação só permite que se vendam produtos rotulados como “sem
glúten” quando têm menos de 20 ppm; quantos destes locais fazem análises aos
seus produtos para garantir o cumprimento da lei? Perguntem pelas análises,
quem não deve, não teme.
A grande maioria destes locais pretende servir o crescente
número de clientes que fazem a dieta para emagrecer- para os celíacos,
alérgicos ao trigo e pessoas com sensibilidade ao glúten não celíaca apresentam
um grande risco. O facto de não apresentarem sintomas após o consumo dos
produtos destes locais não serve como garantia de que são isentos.
Infelizmente, a “factura”, às vezes, só aparece mais tarde. Na dúvida, pela
vossa saúde, não consumam.
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