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terça-feira, 5 de março de 2013

As crianças, o glúten, a depressão

Imagem retirada da Net
Um típico adolescente melancólico e sorumbático pode, por vezes, esconder um jovem clinicamente deprimido. E uma depressão pode, em certos casos, resultar de uma intolerância ao glúten não tratada. Um estudo sueco* de larga escala comparou mais de 13 mil pessoas com doença celíaca à população em geral e concluiu que aqueles com a doença tinham um risco acrescido em 80% de sofrerem de depressão.
A depressão, entre intolerantes ao glúten, pode afectar tanto os adultos como as crianças: este estudo aponta para uma taxa de 8% em rapazes e de quase 14% em raparigas. A explicação para esta ligação poderá prender-se com a má-absorção de nutrientes que provoca deficientes níveis dos diversos elementos que promovem o bem-estar emocional. Este pequeno estudo finlandês de 2005, que publico hoje, aponta nesse sentido e abre caminho para mais pesquisa na área do impacto do glúten sobre o estado mental de adultos e adolescentes.

“A dieta sem glúten pode aliviar sintomas depressivos e comportamentais em adolescentes com doença celíaca: um estudo prospectivo de acompanhamento ao estudo de casos

Resumo
Tema
A doença celíaca em adolescentes tem sido associada a um aumento da prevalência de depressão e dos transtornos disruptivos do comportamento, particularmente na fase antes do tratamento dieta. Foram estudados os possíveis efeitos de uma dieta isenta de glúten nos sintomas psiquiátricos, sobre o perfil hormonal (prolactina, função tireoidiana) e em grandes concentrações de aminoácidos neutros séricos em adolescentes com doença celíaca a iniciar uma dieta isenta de glúten.

Métodos
Nove adolescentes com doença celíaca, com idade entre 12 a 16 anos, foram avaliados através de uma entrevista semi-estruturada K-SADS de Diagnóstico de Presente e de Vida, assim como variadas escalas de sintomas. Sete deles foram seguidos aos 1, 2, 3, e 6 meses, em dieta isenta de glúten.

Resultados
Pré-dieta, os adolescentes portadores de doença celíaca com depressão tinham rácios significativamente mais baixos de triptofano / aminoácidos (CAA) e concentrações de triptofano livre, assim como níveis significativamente mais elevados de prolactina na manhã da biópsia em comparação com aqueles sem depressão. Uma redução significativa dos sintomas psiquiátricos foi encontrada aos três meses de dieta isenta de glúten em relação à condição basal do paciente, que coincide com a reduzida actividade da doença celíaca e dos níveis de prolactina, e a um aumento significativo nas concentrações séricas de aminoácidos.

Conclusão
Embora os resultados da análise de aminoácidos e os níveis de prolactina em adolescentes sejam preliminares, suportam descobertas anteriores em pacientes com doença celíaca, sugerindo que a disfunção serotonérgica, devido à deficiente disponibilidade de triptofano, podem desempenhar um papel na vulnerabilidade a doenças depressivas e comportamentais também entre os adolescentes com doença celíaca não tratada.”

*Ludvigsson JF, Reutfors J, Osby U, et al. Coeliac disease and risk of mood disorders--a general population-based cohort study. J Affect Disord. 2007 Apr;99(1-3):117-26.

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