Comecei a ver desde Janeiro vários artigos partilhados sobre
um novo sensor de glúten para uso caseiro chamado Nima. Já há alguns anos que
se anunciava e começou a sua comercialização no ano passado. Parece um sonho,
não é? Podermos comer em qualquer lado, em segurança, sabendo se a comida tem
ou não glúten.
A ideia em si é óptima: no restaurante, ou em casa, coloca-se
uma amostra da comida em questão dentro de uma cápsula que se insere no
aparelho e em três minutos aparece um smiley, ou um aviso de “gluten found”. No entanto, levantam-se
inevitavelmente várias reservas:
1- O custo- o aparelho custa 279$ e cada cápsula 6,08$. Não
é uma quantia propriamente módica, fora do alcance de muitos celíacos, sem
falar ainda de que se vende apenas (para já) nos EUA.
2- Não serve para analisar alimentos tais como produtos fermentados/hidrolisados, álcool, cosméticos ou medicamentos e tem limitações na análise de produtos com alto teor de gordura ou em pó.
3- Que quantidades detecta? Não se sabe bem, lendo o que a
própria empresa escreve no site-“Os
testes internos demonstram que o Nima é sensível a 20 ppm para uma amostra de
alimentos comummente testados. O Nima não é um teste quantitativo, mas está
programado para detectar a 20 ppm. Os resultados variam de acordo com os
alimentos testados, o tamanho da amostra e o uso do produto. O Nima é um
rastreio e não um teste absoluto - testes numa porção da comida podem não
detectar glúten noutra parte do prato”.
4- O tamanho/peso/diluição da amostra irá afectar o seu
resultado. Mais uma vez, no site da
empresa, “O Nima não é um teste quantitativo, por isso não irá fornecer medidas
específicas de ppm numa amostra, apenas “isento de glúten”, “pouco glúten” ou “alto
glúten”. Pouco glúten é menos de 1,5% de glúten em peso. Dados os diferentes pesos
possíveis da amostra, pouco glúten pode estar entre 20 e 15.000 ppm. Pode, em
raras ocasiões, detectar menos de 20 ppm. Um resultado de “alto glúten”
equivale a mais do que 100 ppm. Estes intervalos, novamente, dependem do peso
da amostra.”
Como defende o GlutenDude (e a própria empresa em resposta a este), o Nima poderá ter o seu
valor enquanto auxiliar à decisão de comer ou não, e não como motivo único
nessa escolha. Tem as suas falhas e, como tal, deve ser usado com a devida
caução… Isto se e quando chegar à Europa. Entretanto, pode ser que comecem a
treinar cães em Portugal para a detecção do glúten como a cadela Willow.
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