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quarta-feira, 18 de abril de 2012

Mais sobre a sensibilidade ao glúten

Há dois, três anos atrás só se ouvia falar em sensibilidade ao glúten, para além da doença celíaca, em fóruns e sites de médicos alternativos. Há aproximadamente um ano atrás, esta condição passou a ser mainstream quando o Dr. Alessio Fasano do Centro de Pesquisa Celíaca da Universidade de Maryland, um dos pesquisadores mais conhecidos neste campo, a reconheceu e designou como Sensibilidade ao Glúten Não- Celíaca.

Ainda pouco se sabe, e como a pesquisa na área continua a evoluir, é provável que o que se sabe agora, deixe de ter validade daqui a algum tempo. No entanto, o National Foundation for Celiac Awareness reuniu o conhecimento que existe neste momento e compôs um artigo que pode ajudar a esclarecer algumas dúvidas daqueles que lidam com a intolerância ao glúten. Este panfleto sumariza o conteúdo do artigo.




"Sensibilidade ao Glúten Não-Celíaca

O seu exame de sangue para a doença celíaca veio negativo. E agora? Se tem tido sintomas que parecem relacionados com o glúten, é possível que tenha sensibilidade ao glúten não-celíaca. As pesquisas estimam que 18 milhões de americanos têm sensibilidade ao glúten não-celíaca. Isto é 6 vezes mais a quantidade de americanos que têm doença celíaca.

Os pesquisadores começam agora apenas a explorar a sensibilidade ao glúten não-celíaca, mas gostaríamos de educá-lo sobre o que aprendemos até agora. Siga-nos enquanto apresentamos uma série de Perguntas & Respostas sobre a sensibilidade ao glúten não-celíaca durante 2012. Esta secção foi projectada para o ajudar a entender melhor a sensibilidade ao glúten não-celíaca e o que a diferencia da doença celíaca e das alergias ao trigo.

O que é a sensibilidade ao glúten não-celíaca?
A sensibilidade ao glúten não-celíaca foi um termo cunhado para descrever aqueles indivíduos que não podem tolerar o glúten e experimentam sintomas semelhantes àqueles da doença celíaca, mas que ainda que não têm os mesmos anticorpos e danos intestinais, que surgem na doença celíaca. A pesquisa inicial sugere que a sensibilidade ao glúten não-celíaca é uma resposta imune, em oposição a uma resposta imunitária adaptativa (tais como nas doenças auto-imunes) ou à reacção alérgica.

OK, então o que é uma resposta imune inata?
Os seres humanos nascem com um sistema imune inato. Uma resposta imune inata não é específica para um antigénio, o que significa que não é específica quanto ao tipo de organismo com que luta. Embora a sua resposta seja imediata contra os organismos invasores, o sistema imune inato não tem uma memória imunológica para os organismos invasores. A sua resposta não é dirigida para o próprio tecido, o que resultaria em doença auto-imune.

Ao contrário da sensibilidade ao glúten não-celíaca, a doença celíaca é específica para um antígeno (onde se inclui a transglutaminase tecidual, endomísio, anticorpos desamidados da gliadina, e, em algumas crianças pequenas, também os anticorpos à gliadina) e resulta num ataque contra o seu próprio tecido. Dano intestinal, ou enteropatia, é o resultado directo.

Quais são os sintomas da sensibilidade ao glúten não-celíaca?
A sensibilidade ao glúten não-celíaca partilha muitos sintomas com a doença celíaca. No entanto, de acordo com um relatório colaborativo (Sapone et al,2012), os indivíduos com sensibilidade ao glúten não-celíaca têm uma prevalência de sintomas extra-intestinais ou não-gastrointestinais, como dores de cabeça, "mente nebulosa," dor nas articulações, e dormência nas pernas, braços ou dedos. Os sintomas normalmente aparecem horas ou dias após o glúten ter sido ingerido, uma resposta típica para condições imunológicas inatas como a sensibilidade ao glúten não-celíaca.

Se os sintomas são tão semelhantes, como é que é diferente da doença celíaca?
A sensibilidade ao glúten não-celíaca foi reconhecida como, de um ponto de vista clínico, menos grave do que a doença celíaca. Não é acompanhada pela "enteropatia, as elevações da transglutaminase tecidual, endomísio, ou anticorpos desamidados da gliadina, e aumento da permeabilidade da mucosa que são característicos da doença celíaca" (Ludvigsson et al, 2012). Por outras palavras, os indivíduos com sensibilidade ao glúten não-celíaca não testam positivo para a doença celíaca com base em análises de sangue, nem têm o mesmo tipo de dano intestinal encontrado em indivíduos com doença celíaca. Alguns indivíduos podem sofrer danos intestinais mínimos, e isso desaparece com uma dieta livre de glúten.

A investigação mostrou também que a sensibilidade ao glúten não-celíaca não resulta no aumento da permeabilidade intestinal, que é característico da doença celíaca. O aumento da permeabilidade intestinal permite que as toxinas, bactérias e proteínas dos alimentos não digeridos se infiltrem, através da barreira gastrointestinal, na corrente sanguínea; as pesquisas sugerem que esta é uma alteração precoce biológica que vem antes do aparecimento de várias doenças auto-imunes.

A sensibilidade ao glúten não-celíaca é diferente de uma alergia ao trigo?
Sim. As alergias, incluindo aquelas ao trigo, estão associadas a medições positivas de IgE. O diagnóstico é feito através de testes cutâneos, análises de sangue ao IgE específico do trigo, e um desafio de alimentos. Os indivíduos que apresentam sintomas relacionados com o glúten mas testam negativo para alergia ao trigo podem ter sensibilidade ao glúten não-celíaca."

Este artigo foi, de seguida, continuado aqui, abordando agora os testes de diagnóstico e a sensibilidade ao glúten não-celíaca:

"Como posso fazer o teste para sensibilidade ao glúten não-celíaca?
Actualmente, não existem métodos recomendados para testar a sensibilidade ao glúten não-celíaca. Alguns médicos oferecem exames ao sangue, saliva ou um exame parasitológico de fezes. No entanto, estes testes não foram validados e, portanto, não são aceites.

No webcast da NFCA, o Dr. Guandalini afirma:

"Efectivamente, agora, (eles) dizem que não há absolutamente nenhuma leitura biológica que, de modo algum, possa suportar este diagnóstico por qualquer investigação laboratorial. Os anticorpos no sangue não são suficientemente específicos, ou suficientemente sensíveis, para esta condição. Nenhum anticorpo nas fezes pode ser utilizado para diagnosticar ou rastrear esta condição. "

O Dr. Fasano também falou sobre este tema e afirmou que a sua equipa está a realizar pesquisas para identificar biomarcadores que possam ajudar a testar e diagnosticar a sensibilidade ao glúten não-celíaca:

“ (...) Como o Dr. Guandalini explicou, a única maneira de fazer um diagnóstico da sensibilidade ao glúten é por critérios de exclusão, pois não temos testes que apontem nessa direcção. E é aí que os nossos esforços actuais se concentram. Agora que entendemos que é uma entidade diferente, queremos ter certeza de que podemos, eventualmente, identificar os biomarcadores para esta condição, pelo que estamos a realizar um ensaio duplo-cego para identificar os biomarcadores que acabarão por preencher a lacuna que o Dr. Guandalini se referia ".

Então, como faço para receber o diagnóstico?
A sensibilidade ao glúten não-celíaca é diagnosticada por um processo de exclusão. Os especialistas recomendam que primeiro deve-se fazer o teste de alergia ao trigo e da doença celíaca. Se ambos são negativos, então o seu médico pode recomendar uma dieta de eliminação do glúten. Se os sintomas melhoram com uma dieta livre de glúten, então você provavelmente tem sensibilidade ao glúten não-celíaca.

É muito importante que um médico experiente supervisione todo este processo, o que pode ajudar a omitir um autodiagnóstico do paciente e a reduzir a probabilidade que ocorra um efeito placebo durante a intervenção dietética.

Eu já estou sem glúten e sinto-me muito melhor do quando comia glúten. Posso assumir que tenho sensibilidade ao glúten não celíaca?
É possível que você tenha a doença celíaca e não a sensibilidade ao glúten não-celíaca. Contudo e porque a doença celíaca é uma condição de vida que exige adesão estrita a uma dieta sem glúten e uma boa gestão por um médico experiente, é importante que um diagnóstico preciso seja feito. Além disso, se você tem a doença celíaca, é importante confirmar o diagnóstico, pois membros da sua família podem estar em risco para a doença e não o sabem.

Uma opção é conversar com o seu médico sobre os testes genéticos para a doença celíaca. Um teste genético negativo excluiria a doença celíaca, mas um teste genético positivo pode significar que são necessários mais ensaios. Outra opção é conversar com o seu médico sobre a possibilidade de voltar a fazer uma dieta com glúten por um período de tempo, a fim de confirmar se tem ou não a doença celíaca, uma alergia ao trigo, ou sensibilidade ao glúten não-celíaca.

Mais importante, você deve sempre falar com o seu médico sobre os seus sintomas e problemas de saúde antes de iniciar qualquer tipo de tratamento por sua própria iniciativa. Começar uma dieta sem glúten antes de ser devidamente testado, pode complicar o processo de diagnóstico. Um médico experiente será capaz de o ajudar a navegar entre testes e diagnóstico de uma doença relacionada com o glúten."

3 comentários:

Ni! disse...

Olá! Peço desculpa pela invasão, mas será que me podias dar uma ajuda???
Ontem no Jumbo procurei 2 produtos (açucar em pó e farinha de arroz).
1. As 3 marcas de açucar em pó que havia no expositor referiam amido modificado, mas não identificavam o amido. Nenhuma fazia referência a isenção ou não de gluten. Pergunto: conheces alguma marca segura?
2. Só encontrei farinha de arroz da marca Ramazzoti e o rótulo também não me esclareceu. Como esta marca produz/embala muitas variedades de farinha, tive receio de comprar. Conheces alguma marca segura e, já agora, onde comprar?
Obrigada.

Lucente disse...

Olá,
Eu uso a farinha de arroz da Nutry (no Intermarché) ou da Nomen (à venda no Mercadona):
http://vidassemgluten.blogspot.pt/2011/05/farinhas-sem-gluten.html

Quanto ao açúcar, uso da RAR.

Ni! disse...

Muito obrigada!

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