Para iniciar este mês tradicional de férias, nada melhor do que trazer um post escrito pela já nossa conhecida Cátia Sousa, que nos faz o seu (invejável) relato duma estadia sem glúten em Copenhaga, capital da Dinamarca. Obrigada Cátia pela partilha!
"Podia estar aqui linhas a fio a contar-vos como é fácil
apaixonarmo-nos pela arquitetura moderna da cidade, pela cultura e pelo estilo
de vida! Descrever como é fácil encantarmo-nos com a facilidade com que se encara o
dia-a-dia... Mas é outro o tema que motivou este artigo.
Vivi em Copenhaga durante algumas semanas e, pela boa
experiência que foi, venho partilhá-la convosco. Será, certamente, útil a todos
os celíacos que visitem a cidade no futuro e pretendam aproveitar a sua
gastronomia. Como a minha estadia em Copenhaga se prendeu a motivos de
trabalho, não vos posso dar uma perspectiva totalmente “turística” da cidade,
pois a camisola de turista ficou reservada aos poucos fins de semana aí
passados. No entanto, o lema “antes poucos e bons” encaixa que nem uma luva
nesta experiência que deixou vontade de muito mais.
Aqui encontramos uma sociedade muito orientada à igualdade e
isso sente-se! Ora para nós, celíacos e sensíveis ao glúten, não poderia
existir melhor política. Nos restaurantes, pastelarias e similares que visitei
fui recebida com toda a simpatia e cuidado por pessoas muito informadas sobre o
tema das intolerâncias alimentares, conhecedoras dos cuidados a ter para evitar
a contaminação cruzada e sensíveis à delicadeza do tema.
No restaurante “Tight” somos brindados por uma carta assinalada
com todos os pratos disponíveis que podem ser confeccionados numa versão gluten free. E que boa surpresa temos,
pois quase todo o menu apresenta este símbolo! Desde entradas com pão e
tostas, passando pelos pratos principais e terminando até num petit gateaux confecionado na hora… É-nos
proporcionado um verdadeiro manjar! Aliado ao magnífico ambiente, usufruímos de
uma experiência fantástica.
Nas cadeias de fast food
“Burger King” temos uma bela oferta de hambúrgueres sem glúten, servidos num
pão que lembra o pão com glúten de tão saboroso e com uma textura tão
agradável. Já tinha provado a opção servida pelo MacDonald´s em Espanha e confesso
que não existe comparação… Se houvesse aquele pão à venda, teria trazido um
generoso stock para Portugal.
Temos, ainda, a cadeia “Max
Burger”, um pouco mais cara, mas que vale muito a pena! O pão aqui ainda
consegue superar o do Burger King e a
carne é uma delícia: muito mais “natural”, lembrando os hambúrgueres feitos no talho
da nossa rua, a partir da peça de carne escolhida por nós.
Aos domingos, é possível usufruir de um brunch sem glúten na casa de chá “Tant-T”, mediante reserva prévia.
Aqui somos tratados como verdadeiros príncipes e princesas, e brindados com uma
oferta diversa de pães e bolos, compotas caseiras, uma riquíssima carta de
chás, café e até leite vegetal feito no dia!
Para os fãs de sushi,
bandeira branca! No restaurante “Sushi’n’Sticks” somos presenteados com várias
opções que não se resumem ao sashimi…
E até dispõem de molho de soja sem glúten.
Ao pequeno-almoço, lanche ou, simplesmente, para um momento de pura
gulodice, temos a “Andersen Bakery” com uma vasta oferta da maravilhosa
pastelaria dinamarquesa e com duas versões de pão sem glúten que são um verdadeiro
atentado ao manter a linha.
Caso tenham oportunidade, não deixem de experimentar o típico Ribeye Steak, no restaurante francês
“Les Trois Cochons”, pois têm um dos bifes mais deliciosos que já provei. Exige
uma nova visita!
Se forem ao restaurante argentino “Asador” aconselho que, caso
façam reserva, indiquem a vossa intolerância pois terão à espera uma
equipa preparadíssima para tornar a experiência verdadeiramente especial. O
gerente indicou-me que estão muito habituados a lidar com todo o tipo de
alergias e intolerâncias, e até tive direito a uma sobremesa que habitualmente
não fazia parte do menu.
No entanto, até mesmo num mercado de rua com o tema “Cozinhas do
Mundo”, que acontece tipicamente aos Sábados, encontramos opções seguras para
nós. Refiro-me às famosas arepas da cozinha venezuelana anunciadas como gluten free num cartaz com letras garrafais.
Nos supermercados encontramos alguma oferta de marcas de óptima
qualidade, pouco conhecidas por cá, e alguns produtos da Schar. Os preços
destes produtos, surpreendentemente, são muito aproximados aos nossos, apesar
do alto custo de vida que encontramos em
tudo o resto.
Por cá, aguardamos o dia em que tenhamos as mesmas oportunidades, o
mesmo espírito e a mesma mentalidade. Eu, pessoalmente, fico em contagem
decrescente para um regresso enquanto suspiro mentalmente um “Até já,
Copenhaga!”
* Copenhaga sem glúten
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