Mais um excelente post do blog The Patient Celiac.
"Doença celíaca e
endometriose
Imagem retirada da Net |
Enquanto estava a “folhear” a base de dados da PubMed (www.pubmed.gov), como sempre faço todas as
semanas, deparei-me com uma carta interessante para o editor da revista Archives
of Gynecology and Obstetrics, intitulada "Doença Celíaca e Endometriose:
Qual é o Nexo?" A endometriose é uma desordem ginecológica comum, que afecta
cerca de 10% das mulheres em idade fértil. Implica o desenvolvimento de
endométrio, que é o tecido que reveste o útero, em áreas do corpo que ficam
fora deste. Os sintomas da endometriose incluem períodos menstruais pesados, dor abdominal e pélvica, ciclos menstruais anormais e infertilidade.
Embora a causa exacta da endometriose seja desconhecida, as teorias incluem a
menstruação retrógrada (células do endométrio do útero a fluirem para trás,
para as trompas de Falópio em vez de para o exterior, durante a
menstruação), um posicionamento anormal de células estaminais embrionárias na
cavidade pélvica que produzem tecido endometrial , e/ou uma doença do sistema
imunológico.
A endometriose está associada com os genes HLA-DQ2 e DQ8
(que também estão presentes em aproximadamente 96% dos pacientes com doença
celíaca), bem como o gene DQ7, que tem sido associado com a doença celíaca em
alguns italianos do sul, da Sicília e da Sardenha.
Dois estudos publicados nos últimos anos demonstraram uma
associação entre doença celíaca e endometriose. Investigadores na Suécia (Stephansson,
et al.) reviram os registros médicos de mais de 11000 mulheres com doença
celíaca em 2011. Foi encontrado um risco muito maior de ter endometriose, comparando
com os controlos, nas mulheres com doença celíaca, especialmente no primeiro
ano após o diagnóstico de doença celíaca (rácio global de risco de 1,39). Os
autores postulam que deve haver um processo inflamatório comum entre as duas
doenças. Da mesma forma, investigadores no Brasil constataram que 2,5% das
mulheres diagnosticadas com endometriose também tinham a doença celíaca (Aguiar
et al, 2009).
A dieta sem glúten foi recentemente recomendada como uma
estratégia para controlar a dor da endometriose. Num estudo piloto na Itália,
75% das mulheres com endometriose tiveram uma diminuição nos sintomas de dor após
12 meses na dieta sem glúten. Isto sugere fortemente que a sensibilidade ao
glúten e/ou a doença celíaca desempenham um papel na endometriose.
Embora eu não tenha endometriose, tenho interagido com
muitas mulheres através das redes sociais que têm tanto a intolerância ao
glúten como endometriose. Posso dizer que os meus períodos tornaram-se
significativamente mais curtos e menos dolorosos desde que iniciei a dieta sem
glúten depois do meu diagnóstico de DC em 2010. Também posso dizer, sem sombra
de dúvida, que a minha sensibilidade ao glúten parece fluir com o meu ciclo
menstrual. Parece-me que fico mais sensível ao glúten por contaminação cruzada
no espaço de 7 a 10 dias antes do meu período, quando os meus níveis de estrogénio
estão mais elevados.
Com o tempo, espero que mais pesquisa seja feita que examine
a relação entre a doença celíaca e distúrbios ginecológicos. Depois de ler
sobre a endometriose, fiz uma pesquisa na PubMed sobre "Doença Celíaca e
Síndrome do Ovário Policístico (SOP)" e apareceu um artigo de 2002, publicado
na Turquia que não encontrou uma associação entre as duas condições. Tenho a sensação
de que, se o estudo fosse reproduzido nos EUA, em grande escala, se
demonstraria uma associação entre doença celíaca e SOP.
Para mais informações sobre a endometriose, visite o site
da Mayo Clinic. A Rebecca, do blog "Pretty
Little Celiac", escreveu também sobre a endometriose neste post de Janeiro de 2013."
Neste blog:
Olá, boa tarde.
ResponderEliminarSó hoje me deparei com este post, mas não quis deixar de dar o meu contributo com este comentário. Eu fui operada a um ovário para tirar um quisto e o resultado posterior foi precisamente de endometriose! Como só fui diagnosticada com DC posteriormente, não posso dizer que melhorei após o início da DIG, pois o diagnóstico coincidiu com o início da menopausa (aos 50 anos). O que posso dizer é que, também eu, nunca consegui engravidar.
Maria Rosa Gregório
Muito obrigada pelo testemunho, Maria Rosa. Realmente, é uma pena que os ginecologistas não estejam mais familiarizados com estas associações, um diagnóstico atempado preveniria muitas complicações.
ResponderEliminarObrigada pelo artigo.
ResponderEliminarSempre tive fortes cólicas menstruais e a verdade é que desde que comecei uma dieta livre de gluten as dores desaparecerem.
E não é coincidência pois ao voltar a comer alimentos com gluten as dores voltam novamente.
Cada vez me interesso mais por este tipo de artigos cientificos pois ajudam a perceber o que a maior parte dos médicos ainda se recusa aceitar.
Cumprimentos,
Sara (33 anos)
Sara, muito obrigada pelo seu testemunho! Já ponderou fazer o rastreio para doença celíaca?
ResponderEliminarPor favor, preciso de ajuda!!!
ResponderEliminarSinto dores horríveis em todo o intestino no período menstrual. Tenho gazes, diarréia e muita dor.
Hoje me ascendeu uma luzinha e pensei:
Será que esta relacionado com o gluten??
Tenho dois filhos, o médico disse que poderia ser endometriose ou as prostraglandinas em excesso.
O gluten causa estes sintomas??
Estou sobrepeso e muito desanimada....
Raquel,
ResponderEliminarO glúten pode causar sintomas desses, mas estes também podem ser explicados por outras condições. O médico não faz exames para despistar a endometriose? Deveria também fazer o rastreio da doença celíaca com um gastrenterologista, caso essa seja a explicação para os seus sintomas. Ânimo, se o seu médico não lhe dá respostas, mude de médico até recuperar a sua saúde. As melhoras!