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quarta-feira, 29 de junho de 2011

Sensibilidade ao Glúten Vs. Doença Celíaca



Imagem retirada da Net
 Quando comecei a pesquisar em 2008 sobre a Doença Celíaca em busca de um diagnóstico, encontrei num fórum americano para doentes celíacos imensos relatos de gente que não era diagnosticada como tal, mas que face aos sintomas que tinham e à falta de resposta da ciência, apostavam na dieta sem glúten e os seus sintomas desapareciam. Até então eram vistos como “maluquinhos da dieta” ou hipocondríacos, mas apenas 3 anos depois, a ciência dá-lhes razão.

Começa-se a admitir que os sintomas causados pela ingestão do glúten em indivíduos geneticamente susceptíveis, vão para além do que a medicina conhece, ie, a doença celíaca. As ferramentas de diagnóstico actuais não identificam as pessoas sensíveis ao glúten e é nisso que a pesquisa está a apostar agora. Traduzi este artigo do Centro de Pesquisa Celíaca da Universidade de Maryland nos EUA que é bastante elucidativo neste sentido. Tenho um outro, mas como estou apertada de tempo, traduzirei mais tarde e depois coloco-o aqui para completar esta informação.

Pesquisadores da University of Maryland School of Medicine identificam diferenças patogênicas chave entre Doença Celíaca e Sensibilidade ao Glúten
Quinta-feira, 10 de Março de 2011 
Estudo do Centro de Pesquisa Celíaca da Universidade de Maryland coloca a Sensibilidade ao Glúten no centro do espectro de transtornos relacionados com o glúten.

Cientistas do Centro de Pesquisa Celíaca da Universidade de Maryland School of Medicine provaram que a sensibilidade ao glúten é diferente de doença celíaca ao nível molecular e na resposta que ele provoca no sistema imunológico. A pesquisa, publicada online no BMC Medicine, fornece a primeira evidência científica de um mecanismo diferente que origina a Sensibilidade ao Glúten. Ele também demonstra que a Sensibilidade ao Glúten e Doença Celíaca são parte de um espectro de transtornos relacionados com o glúten.

"Nós encontramos diferenças nos níveis de permeabilidade intestinal e expressão de genes que regulam a resposta imunológica na mucosa do intestino", diz o investigador principal Alessio Fasano, MD, professor de pediatria, medicina e fisiologia na Universidade de Maryland School of Medicine e director do Centro de Pesquisa Celíaca. A pesquisa documenta os genes e os caminhos - uma sequência de reacções no intestino delgado - possivelmente associados à Sensibilidade ao Glúten. "Identificar e isolar "biomarcadores" específicos na resposta imunológica de pessoas com Sensibilidade ao Glúten pode levar a ferramentas de diagnóstico para a doença," diz o Dr. Fasano, que também dirige o Centro de Pesquisa de Biologia da Mucosa da University of Maryland School of Medicine.

Em pessoas com Doença Celíaca, o glúten desencadeia uma reacção auto-imune no intestino delgado. As proteínas complexas encontradas no trigo, centeio e cevada obrigam o sistema imunológico de uma pessoa com Doença Celíaca a atacar o seu intestino delgado. Não diagnosticada e tratada, a doença celíaca pode levar ao desenvolvimento de outras doenças auto-imunes, bem como a osteoporose, infertilidade, problemas neurológicos e, em casos raros, cancro.

Ao contrário da Doença Celíaca, a sensibilidade ao glúten não é associada a estas doenças graves. Os sintomas mais comuns de Sensibilidade ao Glúten incluem dor abdominal semelhante à síndrome do intestino irritável, fadiga, dores de cabeça, pensamento turvo, ou comichão nas extremidades. Há também evidências de que um subgrupo de pacientes esquizofrénicos e crianças autistas podem ser afectados pela Sensibilidade ao Glúten.

O Centro de Pesquisa Celíaca estima que cerca de seis por cento da população dos EUA, ou 18 milhões de pessoas, sofre de Sensibilidade ao Glúten. Este grupo reage com alguns dos mesmos sintomas que as pessoas com Doença Celíaca, mas os indivíduos com Sensibilidade ao Glúten tipicamente testam negativo para a Doença Celíaca em exames de sangue e não mostram sinais de danos no intestino delgado, o que define a Doença Celíaca.

"Imagine a ingestão de glúten num espectro, diz o Dr. Fasano. "De um lado, tem pessoas com Doença Celíaca, que não podem tolerar uma migalha de glúten na sua dieta. Na outra ponta, estão as pessoas que podem comer pizza, cerveja, massas e bolachas – sem quaisquer efeitos nocivos. No meio, existe uma área obscura de reacções ao glúten, onde se inclui a Sensibilidade ao Glúten. Isto é onde nós estamos a procurar respostas sobre a melhor forma de diagnosticar e tratar este grupo recentemente identificado de indivíduos sensíveis ao glúten ", diz o Dr. Fasano.

"O Centro de Pesquisa Celíaca lidera o caminho no esforço de compreender melhor o espectro de distúrbios do glúten", diz E. Albert Reece, MD, Ph.D., MBA, vice-presidente de assuntos médicos da Universidade de Maryland, e John Z. e Akiko K. Bowers Professor Emérito e reitor da Universidade de Maryland School of Medicine. "Não tenho dúvidas de que mais pesquisa irá levar a novas ferramentas de diagnóstico e tratamentos para quem sofre de Sensibilidade ao Glúten.”

A última pesquisa foi realizada em colaboração com a Johns Hopkins School of Medicine, do Departamento de Medicina Experimental da Universidade de Nápoles, em Itália, e o Instituto de Ciências dos Alimentos em Avellino, Itália. O artigo na BMC Medicine é intitulado "Divergência de Permeabilidade Intestinal e Expressão Imuno-Genética da Mucosa em Duas Condições Associadas ao Glúten: Doença Celíaca e Sensibilidade ao Glúten".

Existe um outro artigo muito esclarecedor, mas pela sua extensão e por falta de tempo, não posso traduzir para colocar aqui. Fica contudo o link para quem quiser ler; quem não perceber bem Inglês, pode sempre recorrer ao Google Translate.

2 comentários:

Bea disse...

Excelente artigo! A minha mãe fez os testes quando fui diagnosticada e saiu tudo negativo... mas o facto é que ela deciciu fazer a dieta comigo e as enxaquecas e o eczema que tinha há anos desapareceram. É importante passar a mensagem.

Lucente disse...

Também conheço algumas pessoas que tenho a certeza iriam beneficiar da dieta sem glúten, mas há muita resistência pois as pessoas acham que não conseguem viver sem pão... é pena.

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