O diagnóstico de uma condição associada ao glúten nem sempre é fácil visto que muitos médicos ainda consideram esta ocorrência rara e de incidência apenas em idades pediátricas. De modo que é uma condição largamente subdiagnosticada e estima-se que haja 5 a 10 mil pacientes diagnosticados e cerca de 130 mil no total em Portugal. O diagnóstico do meu filho foi relativamente rápido dado que, assim que apareceu o sintoma mais óbvio- uma grande distensão abdominal- as minhas primeiras pesquisas na bendita Internet apontaram no caminho da doença celíaca. Como sou chata e desconfio de médicos, não descansei enquanto não confirmamos o diagnóstico.
Imagem retirada da Net |
Foram 4 meses, entre os 18 e os 22 meses. O meu filho esteve sempre no percentil 90-95 até aos 18 meses em que deixou de crescer e engordar. Já tinha previamente vómitos esporádicos mas nunca associados a algum problema. A partir dos 18 meses, sofreu uma sucessão de "viroses" que o enfraqueceram e ficou anémico. Alternava diarreia com obstipação, estava cada vez mais apático, cansado e tinha o abdómen muito dilatado. As análises ao gluten (Anti-corpo anti-gliadina, Anti-corpo anti-transglutaminase, Anti-corpo anti-endomísio) deram resultado negativo, mas como ele estava a piorar, consegui que fosse visto por uma especialista no hospital público. Esta, apesar das análises, e apenas com base nos sintomas, fez a endoscopia com biópsia do duodeno e que, finalmente, o diagnosticou como celíaco. De imediato, assim que iniciou a dieta, começou a engordar (bastante), e voltou a ser a criança alegre que já tinha sido.
Felizmente, o meu filho tinha quase todos os sintomas, pois com análises negativas, qualquer médico menos experiente, e que não saiba que até aos dois anos as análises são falíveis, punha o diagnóstico de lado. Sei de casos em que as crianças, porque não preenchiam o quadro completo de sintomas e tinham análises negativas, levaram anos até lhes ser diagnosticada a doença celíaca. O grande obstáculo ao nosso diagnóstico foi, também, a inércia da pediatra que o seguia e que achava sempre que ele não estava assim tão mal.
Esta é uma condição camaleónica que com um, poucos ou vários sintomas, pode imitar outras doenças. Pela minha experiência, se o instinto nos diz que algo está mal, não devemos fazer orelhas moucas. Eu passei de mãe hipocondríaca e histérica para "olha, ela afinal até tinha razão, como é que não percebemos?"
Olá,
ResponderEliminarAinda bem que insistiu, eu fui atrás das opiniões dos pediatras, apesar do meu instinto me dizer que algo não estava bem. Levei anos, anos com sofrimento dela e meu, para conseguir um diagnóstico para a minha filha. Nunca mais consegui acreditar em médicos. Felizmente, ela hoje está bem, não cresceu muito, mas é saudável.
Ana, o que importa realmente é que a sua filha esteja bem, não é? Retira- se o que se pode destas experiências e avança-se. Por causa do que passamos, os meus filhos já não tem pediatra, só médico de família e se vir que estão com algum problema, levo directamente a um especialista.
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