sábado, 9 de maio de 2015

Biópsia depois da dieta

Como primeiro post do mês de Maio, o mês do celíaco, um artigo sobre como uma conhecida actriz inglesa chegou ao seu diagnóstico depois de ter iniciado a dieta. Nele, a actriz conta como decidiu reintroduzir o glúten na sua dieta para se submeter a biópsia do duodeno, tendo registado estas seis longas semanas para o programa do canal ITV, This Morning.

"A actriz Caroline Quentin conta como se envenenou com torradas em vídeo-diário para provar finalmente que tem doença celíaca

Caroline Quentin sofre de uma perigosa intolerância ao glúten e foi forçada a reintroduzi-lo na sua dieta para que pudesse ser diagnosticada com a doença celíaca. A ex-estrela de Men Behaving Badly, de 54 anos, revela que fez análises de sangue e testes genéticos há três anos, que sugeriram que ela tinha a doença, e assim que desistiu do glúten, o factor que desencadeia esta doença, viu a sua saúde transformar-se. Mas, a fim de receber um diagnóstico conclusivo, Caroline foi obrigada a consumir o que ela descreve como o seu "veneno" durante seis semanas para, em seguida, ser submetida a uma biópsia do intestino - uma viagem que ela partilhou com o programa da ITV, This Morning, através de um vídeo- diário.

Caroline admitiu no programa da ITV que, apesar de ter bastante certeza de que tinha a doença celíaca, estava disposta a submeter-se a uma biópsia para aumentar a consciencialização sobre esta aflição debilitante. (...) "Eu não quero que ninguém passe pelo que passei", disse aos apresentadores do programa, Phillip Schofield e Amanda Holden. "Eu deveria ter abordado isto há anos... Acho que vivo com isto há cerca de 30 anos, que é uma coisa horrível, e não posso imaginar por que não tratei disto mais cedo."

Há três anos que Caroline - que é agora patrona da ONG Coeliac UK – comeu o seu último pedaço de glúten, mas os seus sintomas regressaram 20 minutos apenas depois de ter devorado a sua primeira fatia de pão. (...) Ao final de seis semanas, estava pronta para fazer a sua biópsia (...). Ela foi, como previsto, diagnosticada com doença celíaca.

Falando no programa This Morning, ela disse: "Eu sinto-me tão bem agora que estou livre do glúten, que fiz a minha biópsia, e sei que sou celíaca. (...) 'Depois de ser diagnosticada, uma pessoa não tem que tomar nada para melhorar da doença celíaca, apenas retira o glúten da dieta e fica maravilhosamente bem.'

O especialista do programa, o Dr. Chris, disse: "A doença celíaca é uma doença grave. É a doença genética mais comum e a menos diagnosticada. "No Reino Unido, existem 500 mil pessoas que vivem a sua vida com doença celíaca e nem fazem ideia. Eu estive doente durante 40 anos ou mais e nunca soube que a tinha. " Acrescentou: "As pessoas devem fazer o exame de sangue da doença celíaca, não alterar a sua dieta, comer normalmente, depois do exame de sangue fazer a biópsia ingerindo glúten para ver os estragos do mesmo." (...)

"Eu tinha náuseas frequentes, úlceras na boca e erupções cutâneas, e, muitas vezes, tinha que correr para a casa de banho", lembrou Caroline numa entrevista. "Eu não sabia sobre a doença celíaca, logo pensava que tinha uma alergia apenas. Fui ao médico que me disse que seria algo relacionada com o stress, provavelmente. "Como uma em cada quatro pessoas com a doença, ela foi inicialmente diagnosticada com síndrome do intestino irritável (SII). (...) "Mas, na verdade, os meus sintomas pioraram ao longo do tempo. Desenvolvi anemia, letargia e distensão abdominal, e as crises de diarreia e vómito tornaram-se mais frequentes. Se comesse uma pratada de massa ou uma fatia de pão, rapidamente, ficava doente. Provavelmente, comeria grandes quantidades de glúten por dia, no pão, bolos, pizzas e biscoitos. Existe em muitos alimentos, até mesmo coisas como salsichas, sopas, molho de soja e cubos de caldo. As erupções cutâneas eram horríveis – pústulas moles e em ferida, onde houvesse fricção na minha pele, como debaixo do meu soutien. Eu culpava o sabão em pó e não ligava o problema de pele com os meus problemas digestivos. Agora sei que as erupções eram, provavelmente, dermatite herpetiforme, que é a apresentação na pele da doença celíaca. Eu era um caso clássico.

Embora tivesse vergonha de dizer a alguém o que ela estava a sofrer, os sintomas de Caroline, muitas vezes, interferiam com a sua vida e o seu trabalho. (...) 'Eu estaria de pé no cenário a pensar: "Tenho que ir à casa de banho agora - é uma emergência!" (...) "Lembramos (Caroline e o marido) as encantadoras refeições em restaurantes finos que me punham a vomitar no passeio quando saíssemos. Mas a realidade é que isto não tem piada nenhuma. É horrível. " (…)

Finalmente, descobre que tinha a doença celíaca por acidente há três anos, quando, ao tentar chegar à raiz da sua anemia grave e crónica, o médico pediu uma análise de sangue para doença celíaca. Veio positiva. "Eu estava no cenário da série Restoration Home quando ele me ligou para informar", diz. "Ele disse:" Você tem anticorpos celíacos ", e aconselhou-me a parar de comer glúten. "A minha resposta imediata foi: Existe glúten na vodka ou no vinho? "Tenho o prazer de dizer que não há. Embora haja na cerveja tradicional".

Cortar o glúten da sua dieta foi, como descobriu, surpreendentemente fácil. "Há uma abundância de alternativas isentas de glúten, como pão sem glúten e massas, que não são tão deliciosas, mas consigo viver com isso", disse. (...)

Caroline admitiu que se arrepende de não ter feito a biópsia do intestino imediatamente após o exame de sangue. "Eu estava de rastos com o trabalho naquela altura, mas, em retrospectiva, foi um erro", disse. "É realmente importante que as pessoas não sigam o meu exemplo."

Olhando para trás, ela acredita que herdou a doença da sua falecida mãe que, tal como 76 por cento das pessoas com esta condição, permaneceu sem diagnóstico. A doença celíaca aparece em famílias - se você tem, há uma hipótese em dez que um parente próximo a possa desenvolver. As suas irmãs não têm doença celíaca, mas a Caroline mantêm um olhar atento sobre os seus filhos e irá testá-los exaustivamente. 

"Tenho a certeza de que a minha mãe tinha – até aposto", disse. "Ela teve terríveis problemas digestivos toda a vida, e, nos seus últimos tempos, tornou-se magra, frágil e cronicamente anémica, com osteoporose que desfez a sua anca. "Mas ela não era de se queixar e as pessoas da sua geração certamente não falavam sobre as suas entranhas. Essa é uma das razões pelas quais eu me tornei patrona da Coeliac UK e porque estou a falar sobre isso agora, porque causa sintomas embaraçosos e as pessoas não gostam de admitir que têm problemas intestinais. "Mas eu não sou tímida e se, por ser aberta sobre isto, conseguir encorajar ainda que apenas algumas pessoas não diagnosticadas a fazer o teste, ficarei muito contente."



2 comentários:

  1. Apesar de grande parte do intuito ser a publicidade e achar um bocado estranho que alguém se sujeite a tanta exposição enquanto sofre os sintomas da doença, fez maravilhas pela exposição, realmente. Com tanta informação facilmente acessível, é difícil chegar às pessoas... E é bom que exemplus assim surjam. Deve ter sido horrível reintroduzir o glúten e para mim não faria sentido nenhum, mas foi corajoso :P
    Pode ser chato ter de eliminar um monte de alimentos, mas muuito pior é ter de sofrer os efeitos a todos os níveis de os ingerir. O bem estar está à frente, completamente...
    Ainda bem que foi capaz de identificar a doença, no final. Há muita gente que nunca chga a saber... E é mesmo muito desagradável, deve ser desesperante!
    Gostei de ler o texto :)

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  2. O problema é que hoje em dia com a moda da dieta sem glúten, as pessoas lêm um artigo e decidem experimentar... Quando se sentem bem e vão ao médico, este diz-lhes que tem de voltar ao glúten para fazer os testes, e a pessoa fica num impasse. Por isso, nunca me canso de dizer que façam os testes todos antes de iniciar a dieta.

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