Imagem retirada da Net |
Quando penso que as coisas estão a melhorar, apercebo-me que, afinal, a mudança está a ser mais lenta do que pensava: falei a um colega meu sobre a doença celíaca quando me referiu os problemas de saúde que a esposa tem tido a nível da tiróide, anemia, depressões e um historial de abortos. Como bem sabe quem lida com a doença celíaca, tudo isto pode ser um sintoma desta condição... O meu colega disse que a esposa, a quem já fizeram inúmeros exames sem nenhuma resposta em concreto, iria a uma consulta à médica de família esta semana. Ora, a senhora doutora, quando confrontada com a hipótese de doença celíaca, disse a seguinte pérola de sabedoria: "Nem pense nisso, a sua esposa já é adulta, logo não pode ter doença celíaca!"
Como é possível que uma médica, responsável por uma população variada, esteja tão desactualizada sobre uma condição comum e sobre a qual já se vai falando nos meios de comunicação social? Porque é que o Ministério da Saúde não emite uma directiva para o diagnóstico de doença celíaca, tal como fizeram as suas congéneres argentina, brasileira, espanhola ou inglesa? Quantos celíacos estão por diagnosticar porque há outros médicos desinformados como a médica em questão? Não percebo porque é que, num país em crise, o Estado gasta dinheiro em tratamentos e medicamentos para doenças que são apenas sintomas de doença celíaca, que exige somente que se faça uma dieta sem glúten.
Desculpem lá o desabafo, mas hoje tinha que ser.
4 comentários:
Pois é as pérolas de sabedoria estão disseminadas por muitos clínicos. Tenho uma filha celíaca diagnosticada à 1 ano e um sogro de 87 anos diagnosticado à três meses e que já era seguido na consulta de gastro há muito tempo. Após o diagnóstico da neta sugerimos-lhe que pedisse ao médico assistente que lhe fizesse o rastreio , mas este recusou-se tendo feito o seguinte comentário " o senhor não tem diarreia pois não, então não é celíaco." Por sua vez a médica de gastro que após ter sabido da existência da neta celíaca lá se dignou fazer o rastreio ao ver-se confrontada com os resultados disse-lhe que tinha e fazer uma alimentação sem glúten, mas que no Natal e na Páscoa podia comer de tudo, ao que o próprio acrescentou que também poderia ser nos anos. Obrigada por toda a informação partilhada.
Obrigada Almerinda pelo comentário tão relevante... Infelizmente conhece a minha frustração. Já ouvi tanta "pérola" que qualquer dia junto tudo e mando para o Ministério ou para a Ordem dos Médicos- essa então de que o seu sogro podia "prevaricar" é uma preciosidade! Não sei até que ponto é que eu, se fosse confrontada com uma sugestão dessas, não pedia o livro de reclamações. É que infelizmente há alguns celíacos desejosos de ouvir uma recomendação dessas...
Eu também tenho uma história semelhante...aconselhei uma amiga da minha mãe, que já tinha 70 e tal anos, com história de problemas intestinais a vida toda, bem como outros problemas de saúde associados, indicadores de estar na presença de uma doente celíaca. Já que ia ter consulta nos próximos dias, falei-lhe em pedir os marcadores serológicos da doença celíaca, ao que ela concordou prontamente porque achava que seria mesmo essa a cause de tanto mal-estar. Resultado: a médica de família, também lhe respondeu que com aquela idade, celíaca não era de certeza e recusou-se a passar as análises, que na sua opinião não iriam servir para nada...!
Joana, obrigada pelo feedback! Espero que a senhora tenha conseguido fazer as análises com outro médico.
Enviar um comentário