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DADOS, DICAS E RECEITAS DE VIDAS SEM GLÚTEN



terça-feira, 30 de abril de 2013

Sensibilidade ao glúten no El País

A edição de ontem do jornal espanhol El País traz um artigo muito actual e completo sobre a amplitude das condições associadas ao glúten, escrito pela directora da Associação de Celíacos e Sensíveis ao Glúten da Comunidade de Madrid, Manuela Márquez. Para quem é novo nestas andanças, a sua leitura é essencial pois em poucos parágrafos se resumem os avanços e dilemas da temática da sensibilidade ao glúten.


“SENSIBILIDADE AO GLÚTEN
Comer sem glúten representa um custo adicional de cerca de 1500 euros por pessoa por ano

Actualmente, presume-se que o glúten esteja por detrás de múltiplas patologias. A mais estudada e mais conhecida é a doença celíaca, que afecta 1% da população. Embora muito menos comum, também existe uma alergia alimentar ao glúten. No entanto, a mais comum condição patológica causada pela ingestão de glúten (estimativas afirmam que afecta até 6% da população) é chamada de sensibilidade ao glúten não celíaca. Esta entidade, para a qual ainda não há testes de diagnóstico, ganhou grande popularidade nos últimos anos. Esta é a razão pela qual muitas pessoas seguem uma dieta isenta de glúten.

A doença celíaca é a forma de sensibilidade ao glúten mais estudada e mais conhecida. De acordo com a definição mais recente, publicado em 2012 pela Sociedade Europeia de Gastroenterologia Pediátrica, Hepatologia e Nutrição (ESPGHAN), a doença celíaca é uma doença sistémica de base imunológica causado pela ingestão de glúten em indivíduos geneticamente predispostos. É caracterizada pela presença de uma concentração variável de condições dependentes do glúten, de anticorpos específicos no sangue e enteropatia. Esta é a doença crónica mais comum e afecta o intestino de 1% da população, em média, com uma distribuição mundial. No caso da Comunidade de Madrid, de acordo com os resultados de um estudo de prevalência realizado pelo Ministério da Saúde na região, em 2008, em crianças em idade escolar entre os 6-18 anos, a doença celíaca afecta 1 em cada 79 indivíduos nessa faixa etária, mas é diagnosticada em apenas 35% (1 em 3, aproximadamente). Estima-se que 85% dos pacientes com doença celíaca (6 em 7) não sabem que têm a doença.

A doença celíaca não diagnosticada pode prejudicar a saúde a longo prazo. Estão descritas numerosas desordens auto-imunes, doenças endócrinas, neurológicas, psiquiátricas ou reprodutivas cujo aparecimento pode ser favorecido pelo consumo contínuo de glúten. A estas devem ser adicionadas outras situações que afectam a qualidade de vida dos pacientes, como fadiga intensa e contínua, fraqueza muscular e osteoporose.

A sensibilidade ao glúten não-celíaca é um conceito mais amplo e que abrange aqueles pacientes em que o glúten parece responsável pelo sofrimento da patologia, com base em evidências clínicas, embora os testes de diagnóstico para a doença celíaca sejam negativos. Neste momento, não há testes de diagnóstico específicos para a sensibilidade ao glúten não-celíaca, assim que primeiro se exige que o diagnóstico de doença celíaca seja excluído (ou qualquer outra suspeita de patologia, incluindo a alergia ao glúten), e se faça depois uma dieta isenta de glúten para ver se o paciente recupera. Se assim for, recomenda-se reintroduzir temporariamente na sua dieta o glúten para verificar se há uma recaída. Deste modo, será diagnosticado com sensibilidade ao glúten não-celíaca. Nos últimos dois anos tem havido muitos estudos científicos relacionados com esta questão que é cada vez mais difundida na sociedade. Os primeiros estudos têm encontrado prevalências de cerca de 6%. Talvez esta seja a razão pela qual um número crescente de pessoas faz uma dieta isenta de glúten, apesar de não serem celíacos, ou que optam por fazê-lo por conta própria, sem qualquer orientação médica.

A alergia aos cereais com glúten pode ser causada pelo próprio glúten ou por outros componentes desses cereais. Em geral, afecta um número não superior a 0,1% da população. Se a alergia é causada pelo glúten, geralmente é um tipo de alergia a alimentos e deve-se efectuar o diagnóstico correspondente que requer testes cutâneos (skin prick test) e de sangue para avaliar os níveis de imunoglobulina E (IgE) específica. Em caso de alergia, isto deve ser confirmado por um teste de desafio controlado num centro médico.

As manifestações clínicas da sensibilidade ao glúten, seja a doença celíaca ou a sensibilidade ao glúten não celíaca, incluem uma vasta gama de sinais e sintomas clínicos que se sobrepõem com os de outras doenças, tais como a síndrome do intestino irritável ou até fibromialgia e fadiga crónica. Isto para além da variedade de sintomas digestivos com que se podem apresentar (vómito, diarreia, obstipação, distensão abdominal, flatulência, dispepsia, etc.) e problemas relacionados com a má absorção de nutrientes (atraso do crescimento, anemia por deficiência de ferro, osteoporose), que podem ser acompanhados por alterações auto-imunes e endócrinas (diabetes tipo 1, tiroidite auto-imune), neurológicas (enxaqueca, deficit de atenção, perda de memória, demência precoce), psiquiátricas (ansiedade, depressão, anorexia) ou reprodutivas (infertilidade, menarca tardia, menopausa precoce, abortos de repetição). A gravidade ou intensidade dos sintomas pode variar desde muito discreta ou ausente, a muito grave.

Mais informação
O glúten é uma proteína encontrada no trigo, cevada, centeio e, em menor extensão, a aveia. É responsável pela elasticidade das massas feitas a partir da farinha de cereais e permite, com a fermentação, que o volume dos pães aumente, obtendo uma consistência elástica e esponjosa. Além disso, a sua utilização na indústria alimentar, quer como um ingrediente ou aditivo por razões tecnológicas, é comum no desenvolvimento de produtos que não vêm de cereais, tais como, por exemplo, um iogurte de morango ou molho de tomate. Por esta razão, a maioria dos produtos manufacturados que podemos encontrar em qualquer estabelecimento não podem ser consumidos por pessoas que sofrem de uma sensibilidade ao glúten.

A dieta sem glúten requer, portanto, que se evite todos os produtos cuja matéria-prima é o trigo, cevada, centeio ou aveia (farinha, pão ralado, massas, cereais matinais e toda a gama de produtos de padaria, pastelaria e bolos), bem como aqueles que têm utilizado derivados destes grãos (glúten, amido, farinha, etc.) na sua preparação. É importante ressaltar que, de acordo com o Regulamento CE Europeu 41/2009, os produtos rotulados "sem glúten", ou aqueles considerados "adequados para celíacos" nas listas produzidas pelas associações de doentes, pode conter até 20 partes por milhão (ppm) de glúten, ou seja, 20 mg de glúten por kg de produto. Portanto, é aconselhável basear a dieta isenta de glúten, em alimentos de preferência naturais, não processados ​​(frutas, verduras, legumes, carnes, peixes, frutos do mar, ovos, etc.), já que uma dieta baseada em produtos industrializados, mesmo se "sem glúten", pode ​​impedir a recuperação do paciente adequada ou mesmo ser um gatilho para recaídas.

A que se deve o auge ou a moda da dieta isenta de glúten? Por um lado, a doença celíaca, embora permaneça amplamente desconhecida, mesmo para os médicos responsáveis ​​pelo diagnóstico, especialmente os clínicos não pediátricos, os diagnósticos são cada vez mais fáceis. A isto deve ser adicionado o grande número de casos de sensibilidade ao glúten não-celíaca que estão a ser diagnosticados e que, portanto, também devem uma fazer dieta sem glúten. Isso faz com que a dieta isenta de glúten se esteja a tornar mais conhecida na sociedade. Por outro lado, são os fabricantes de produtos especiais sem glúten (que utilizam matérias-primas alternativas aos cereais com glúten), bem como aqueles que desenvolvem produtos de consumo geral, que cada vez mais evitam o uso de ingredientes que contêm glúten. Estes contribuem também para uma melhor compreensão da dieta isenta de glúten. Sem dúvida, há um novo e grande grupo emergente de consumidores potenciais aos quais interessa chegar. Com o que se sabe até agora, se todos os casos de sensibilidade ao glúten fossem diagnosticados, 7% da população teria que seguir uma dieta isenta de glúten.

Também se deve ter em mente o papel das associações de doentes que, dado o aumento do número de casos, têm mais recursos para exigir uma melhor qualidade de vida para estes, e trabalhar com o governo, profissionais de saúde, fabricantes, profissionais de hotelaria e meios de comunicação para atingir este fim.

Finalmente, considere que o que se come normalmente é pouco saudável e para resolver este problema muitas pessoas decidem fazer uma dieta. Entre as opções disponíveis no mercado, a dieta isenta de glúten está a ganhar terreno, talvez por causa da sua novidade, em relação às outras, tais como as dietas de emagrecimento. Em si, a dieta sem glúten não é mais saudável do que uma dieta normal bem regrada, mas como a dieta habitual, na prática, não é tão variada e equilibrada como deveria, a dieta isenta de glúten torna-se uma opção para melhorar os hábitos alimentares, já que comer sem glúten implica consumir alimentos, de preferência, naturais e seleccionar cuidadosamente os produtos fabricados a consumir.

6 em cada 7 doentes celíacos desconhecem que padecem desta condição
A doença celíaca deve ser considerada um problema de saúde pública devido à sua alta prevalência, especialmente se se começar a considerar os casos de sensibilidade ao glúten não-celíaca. Estas condições não envolvem sérias complicações quando detectadas precocemente. No entanto, o atraso no diagnóstico faz com que o paciente acabe com uma doença crónica e veja reduzida a sua qualidade de vida, para além de isto gerar mais gastos com a saúde. Portanto, é importante que o governo se envolva na melhoria do diagnóstico destas doenças e facilite o acompanhamento da dieta isenta de glúten, seja por uma adequada regulação da rotulagem de produtos sem glúten ou ajudando as famílias a lidar com o alto custo dos chamados produtos especiais sem glúten, tais como pães, massas e cereais de pequeno-almoço. Estima-se que o alimentar-se sem glúten traga um custo adicional de cerca de 1500 euros por pessoa por ano."

domingo, 28 de abril de 2013

Bolo Bom Bocado

Se gostam de coco e cenoura, este bolo não poderia ter melhor nome. Esta receita brasileira foi fácil de adaptar a uma dieta sem glúten e o resultado foi muito agradável.
 
Ingredientes:
Massa
2 cenouras grandes raladas
100 gramas de coco ralado
1 colher de sopa de fermento em pó
75 gramas de farinha sem glúten (usei Doves Farm White Self-Raising Flour)
4 ovos
220 gramas de açúcar (usei 165 gramas de açúcar branco + 55 gramas de açúcar mascavado claro)
150ml de óleo vegetal
Cobertura
75 gramas de chocolate de culinária Nestlé
Leite
 
Para fazer a massa, misture a cenoura, a farinha, o coco e o fermento numa tigela. Reserve.
 
Na cuba da sua batedeira, bata os ovos com o açúcar até espumar, e acrescente depois o óleo. Junte aos poucos a mistura de cenoura, batendo sempre.
 
Coloque numa forma rectangular untada, e leve ao forno pré-aquecido a 180ºC durante 40 minutos, até um palito sair seco. Retire e deixe arrefecer completamente sobre uma rede, antes de colocar a cobertura. Parta o bolo ao meio e recheio as duas partes com o chocolate, empilhe-as e cubra também o topo.
 
Cobertura:
Derreta o chocolate no micro-ondas em intervalos de 30 segundos. Quando estiver quase derretido, junte leite aos poucos até obter a consistência certa.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Contaminação cruzada: realidade ou mito?

Hoje, temos no blog mais uma interessantíssima contribuição de Ana Pimenta que aborda, desta vez, a importância em evitar a contaminação cruzada e os dados que nos chegam do mais recente estudo sobre esta temática. Obrigada Ana, mais uma vez!

Contaminação cruzada: uma realidade ou mito?

Imagem retirada da Net
O Glúten é a principal proteína estruturante do trigo e que encontra equivalentes tóxicos noutros cereais tais como: centeio, cevada, malte, triticale,  espelta, Kamut, aveia e suas variantes híbridas. Os alimentos não processados e sem origem nestes cereais são naturalmente isentos em glúten. Contudo, o simples embalamento de um produto naturalmente isento em glúten, tal como o arroz ou milho, numa unidade fabril que processe alimentos que o contém, pode torná-lo “glutinizado”, ou seja, passará a conter glúten.



Alguns celíacos mantêm uma dieta isenta em glúten, contudo, os seus sintomas e/ou atrofia das vilosidades duodenais persistem. Estes são considerados como tendo doença celíaca refratária. Vários artigos recentes focam uma abordagem que busca a procura de outras causas como explicação para esta refractariedade, tal como uma colite microscópica. Poderá no entanto, a contaminação cruzada, mesmo que não suspeita, ser responsável por parte destes casos?

A equipa da “University of Maryland Center for Celiac Research in Baltimore, MD” procurou responder a esta questão efectuando um estudo* retrospectivo dos registos de pacientes entre 2005 a 2011 que, apesar de alguns apontamentos clínicos à execução do mesmo, demonstra bem que esta é uma realidade.

Inicialmente, todos os doentes foram avaliados por dietista de modo a se confirmar a sua adesão a dieta sem glúten do ponto de vista de ingestão voluntária ocasional de glúten e conhecimento sobre como evitar contaminação cruzada (partilha de torradeiras, fornos, medicação, aditivos, etc.). Procuraram, deste modo, quais os doentes com sintomatologia, mas sem fonte identificável de ingestão contínua de glúten. Tipicamente, eram doentes que já haviam procurado segundas/ terceiras opiniões, que viram as suas dietas escrutinadas por múltiplos dietistas e que, inclusive, iniciaram eventualmente corticoídes para uma presumível doença celíaca refractária.

Coloca-se a questão de serem sensíveis a níveis de glúten tipicamente toleráveis para a maioria dos celíacos. A maioria dos doentes celíacos tolera, de forma segura, aproximadamente 10 mg de glúten por contaminação cruzada ou 20 ppm de glúten em 500 gramas de alimentos num todo. Contudo, verifica-se uma enorme variedade de sensibilidade entre celíacos, onde alguns poderão apresentar agravamento da mucosa duodenal (verificada pós biópsia) se expostos a níveis diários de glúten tolerados pela maioria.

Neste estudo os pacientes seguiram durante três a seis meses uma dieta à base de alimentos não processados e eliminou-se por completo a possibilidade de contaminação cruzada em embalamentos / processamentos, incluindo produtos especificamente elaborados para celíacos. A resposta a esta dieta foi avaliada por biópsia repetida e exigia que a arquitectura das vilosidades duodenais fosse normal após cumprimento daquela.

Concluíram que este tipo de dieta e abordagem permitem identificar alguns doentes que não são verdadeiros refractários à dieta sem glúten clássica, mas cuja sintomatologia e alteração da mucosa do duodeno se deve à ingestão continuada de glúten, mesmo que insuspeita. Este artigo salienta, do meu ponto de vista, a enorme importância que deve ser atribuída à problemática da contaminação cruzada.

Recomendo o consumo de alimentos frescos, não processados, diversificados e da época. A boa cozinha portuguesa! O consumo de produtos industriais específicos para celíacos tais como pão, bolachas, bolos, etc. apenas pontualmente. Comparando com o mesmo tipo de produtos com glúten, estes contêm habitualmente maior teor em gorduras saturadas e açúcares para obter o efeito de “boca cheia” característico dos alimentos à base de glúten. Possuem ainda menor teor em fibras e vitaminas. A confecção em casa pode ultrapassar estas questões e torna-se mais económica.

Em casa torne a sua cozinha e sala de jantar isentas de glúten ou evite, dentro do possível, as possibilidades de contaminação cruzada. Não partilhe torradeiras, fornos, micro-ondas, máquinas para waffles/panquecas. Atenção às toalhas de mesa com migalhas de glúten e uso no dia seguinte, aos panos de limpeza, à qualidade da limpeza da sua máquina de lavar. Quem nunca viu uma tacinha de inocente “Nestúm com mel” que ao sair da máquina acabada de lavar contém um belo floco lá pegado?!

No restaurante, atenção a possibilidades ocultas de contaminação cruzada: óleos partilhados, farinha nas grelhas, água de cozedura de esparguete partilhada, caldos de carne ou peixe.

Na escola atenção ao giz, plasticina, digi-tintas, lápis de cera e cor, trabalhos manuais com massas com glúten.

Leia atentamente os rótulos. Não compre se o alimento não estiver rotulado como isento em glúten ou se não obtiver uma declaração por escrito pela empresa que o comercializa confirmando a sua isenção.

Pastas de dentes e medicação devem igualmente ser isentas em glúten. Champôs (especialmente nas crianças de tenra idade), batons e cremes faciais são produtos que ao entrarem em contacto com os lábios e mucosa oral podem igualmente ser absorvidos.

Complicado? Ao início, sim. Mas, com o tempo, um pouco de bom senso, e a imprescindível compreensão de familiares e amigos e um bom grupo de suporte social, tudo se faz. A nossa saúde agradece!


Ana Pimenta

Mais info neste blog:

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Compras expresso


Imagem retirada da Net

Frequentemente, contactam-me para saber onde compro os produtos sem glúten, daí a razão do post de hoje listar os meus locais de eleição. Infelizmente, a resposta não é fácil pois, embora a oferta de produtos sem glúten esteja a crescer em Portugal, ainda é necessário adquirir os produtos menos comuns recorrendo a lojas online. Obviamente, para compras mais básicas, opto pelas lojas mais habituais como o Celeiro ou o Continente. 

Neste post, apresento as alternativas a que costumo recorrer quando preciso de algo que não encontro perto de casa ou caso queira poupar nos preços. Não é tanto uma recomendação (até porque todos temos expectativas diferentes), mas mais uma indicação das alternativas existentes e não é, de todo, uma listagem exaustiva, são apenas as que funcionam para mim.

Em Portugal:

Esta loja de rua em Braga vende todo o tipo de produtos de padaria e pastelaria sem glúten, de fabrico próprio, em instalações aptas. Enviam os produtos que não necessitam de refrigeração para todo o país, mas a sua loja online ainda está a ser aperfeiçoada. No entanto, podem ser contactados directamente pelo telefone ou através da sua página de Facebook. Os portes variam em função do peso da encomenda.

Esta loja vende produtos biológicos, vegetarianos e sem glúten, estes últimos, principalmente, das marcas Doves Farm e Orgran. O valor dos portes depende do peso da encomenda, mas a partir de 100€, os portes são gratuitos para entregas em Portugal continental.

A loja online dos supermercados Apolónia já está a funcionar, ainda que, neste momento, só entreguem no Algarve. No entanto, já estão a anunciar que irão enviar encomendas para todo o país a breve prazo. Sendo assim, não pude ainda experimentar o seu serviço online, mas pude constatar que a oferta de produtos sem glúten nas suas lojas tradicionais ultrapassa bastante a oferta doutros supermercados nacionais. Dada a dificuldade em encontrar farinha de alfarroba certificada Sem Glúten, aqui está uma boa oportunidade para comprar a farinha produzida na Quinta dos Avós. Vendem também bastantes produtos da Doves Farm e da Schar.

No estrangeiro:

O que dizer desta loja? Devo ser das melhores clientes no que toca a compras “gluten-free”… São páginas e páginas de produtos das mais variadas marcas, desde Doves Farm, Bob’s Red Mill, Orgran, Barkat, etc. O único senão? Vendem por atacado, isto é, se quisermos comprar a farinha Plain White Flour da Doves Farm, esta vem em pacotes de cinco unidades de um quilo cada. Quem cozinha muito em casa, acaba por gastar relativamente depressa os produtos, mas quem não é tão assíduo na cozinha, pode encomendar juntamente com outros e dividir o “saque”.

A grande vantagem é que, a partir de 25 libras de compras de produtos marcados como “Free Super Saver Delivery”, os portes são grátis, sem esquecer que os produtos de marcas britânicas como a Doves Farm são consideravelmente mais baratos do que cá.

Esta é uma loja alemã, mas está tão bem organizada (ou não fosse ela feita por alemães) que não é preciso saber muito alemão para fazer compras aqui. A variedade também é muita e a preços mais simpáticos do que em Portugal, ainda que o grosso dos produtos seja de origem alemã, como a Werz, Bauckhof, ou Hammermuhle entre outras, mas vendem também massas italianas, Schar e Doves Farm.

Para mim, a grande vantagem é poder comprar psílio da marca Finax, uma marca sueca de produtos sem glúten, que é moído finamente, logo disfarça-se melhor na massa, e é vendido a um preço muito acessível, especialmente quando comparado com lojas nacionais e internacionais. A poupança com a compra do psílio pode cobrir a despesa com os portes no valor de 10 euros que, mais uma vez, podem ser diluídos se a encomenda for feita por várias pessoas.

Para fazer compras na Querfood, é preciso conhecer algumas palavras básicas de alemão:
- Brot- pão; Mehle/Mehlmischungen- farinhas e mixes; Nudeln- massas; Bier- cerveja; Keks- bolachas; Kuchen- bolos; in den Warenkorb- botão para acrescentar ao carrinho; zur Kasse gehen- botão para finalizar a compra.

As bolas coloridas junto a cada produto significam: verde, em stock; laranja, restam poucos artigos; vermelho, não tem stock.

Boas compras!

Update- Agosto 2013
Infelizmente, as lojas Coisas Kom Sentido e Espaço Bio fecharam.
Update- Abril 2014
Infelizmente, a Amazon.co.uk já não disponibiliza portes grátis para compras superiores a 25 libras.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Semifrio de maracujá

A receita de hoje é obra do engenho da Mónica Coimbra que, com ela, venceu o Concurso de Páscoa do 37º Encontro Nacional da APC que decorreu no passado dia 23 de Março em Faro. Ideal para o tempo quente que se aproxima (devagarinho), perfeita para quem, para além do glúten, também lida com intolerâncias à lactose/caseína e/ou ovo. Obrigada Mónica pela partilha e parabéns pelo merecido prémio!

Ingredientes:
Para a base
2 Pacotes de bolacha maria sem glúten ( Gullon)
125 gramas de margarina (Alpro Soya)
2 colheres de sopa de cacau (Valor)
Para o recheio
7 folhas de gelatina
2 pacotes de natas para chantilly (Alpro Soya)
1 lata de leite condensado de soja (continente)
250ml de polpa de maracujá congelada (Brasfruit)
1 colher de sopa de açúcar
Para a cobertura
125ml de sumo de maracujá (compal)
1/2 colher de sopa de farinha maizena
100 gramas de açúcar
Polpa de 1 maracujá grande

Base:
Forre o fundo de uma forma de mola (28 cm) com papel vegetal. Triture as bolachas, junte-lhes o cacau e a manteiga derretida, misture bem e coloque na forma, apertando bem a massa contra o fundo da mesma com os dedos. Reserve.

Recheio:
Demolhe em água fria as folhas de gelatina durante 5 minutos. Ferva ½ chávena de chá de água e junte-lhe as folhas de gelatina escorridas, mexendo até dissolver.

Junte o leite condensado, a polpa de maracujá (já descongelada) e a gelatina dissolvida. Bata as natas em chantilly com o açúcar e envolva na mistura anterior. Coloque na forma e leve ao frigorífico até solidificar.

Cobertura:
Numa caçarola, dissolva o amido de milho no sumo frio, junte o açúcar e leve ao lume até levantar fervura, deixe engrossar, mexendo sempre. Junte a polpa de maracujá e desligue.

Deixe arrefecer um pouco antes de verter sobre o semifrio. Leve de novo ao frigorífico durante algum tempo. Desenforme passando uma faca fina em volta do aro da forma. Bom apetite!















Mónica Coimbra

domingo, 14 de abril de 2013

Bolo de amêndoa

Esta é uma receita simples, inspirada na galega tarte de santiago, e que fica muito bem.
 
Ingredientes:
200 gramas de amêndoas em pó
50 gramas de farinha sem glúten (usei Doves Farm Self Raising)
4 ovos
200 gramas de açúcar
Raspa de meio-limão
½ colher de chá de canela
Açúcar em pó
 
Num recipiente, misture as amêndoas com a farinha e a canela. Reserve.
 
Na cuba da sua batedeira, coloque o açúcar e a raspa de limão e misture com as mãos para que o açúcar fique bastante aromatizado. Junte os ovos e bata até espumar. Por fim, acrescente as amêndoas reservadas e misture com cuidado com uma colher.
 
Coloque numa forma amovível untada e leve ao forno a 180ºC durante 25 a 30 minutos, até dourar. Retire do forno, deixe arrefecer um pouco e desenforme. Decore com açúcar em pó.
 
 
 
 
 
 

quinta-feira, 11 de abril de 2013

A importância do rastreio em familiares


Imagem retirada da Net
 Quando o meu filho mais velho foi diagnosticado, foi-nos pedido que fizéssemos o rastreio para a doença celíaca, principalmente nós, pais, mas também os avós e tios, se assim pretendessem (irmãos também, mas ele ainda era filho único nessa altura).  Fizeram então os pais e a avó e tia maternas; os restantes familiares não se mostraram interessados. O painel consistia no IgA total, Ac anti-tranglutaminase IgA e Ac anti-endomísio IgA: todos tivemos análises negativas, mas nem sempre esse é o caso.


Uma revisão técnica sobre o diagnóstico e tratamento da doença celíaca afirmava em 2006 que "os familiares de pacientes com doença celíaca estão em maior risco para a doença celíaca do que a população geral. Com base em estudos, em que há confirmação por biopsia relativamente completa, a prevalência é de cerca de 10%, mas pode ser mais elevada se menores graus histológicos forem também considerados. Entre familiares, a maior prevalência de doença celíaca ocorre em famílias com mais de uma pessoa afectada, enquanto que a prevalência entre familiares de segundo grau é mais baixa (2,6% -5,5%) mas, ainda assim, maior do que a população em geral."

Um estudo bósnio de 2011 abordou esta questão: pesquisadores do Centro Universitário de Tuzla, na Bósnia e Herzegovina pediram a 75 pais e irmãos de crianças recém-diagnosticadas com a doença celíaca para participar de um rastreio. Embora nenhum dos familiares relatasse sintomas sugestivos de doença celíaca, 20 por cento positivaram, pelo menos, um dos testes do painel de doença celíaca (foram propostas biópsias para confirmação mas, na maioria dos casos, foram recusadas​​).

Os pesquisadores dizem que os seus resultados estão alinhados com outros estudos e demonstram como o rastreio pode ajudar a identificar um número significativo de indivíduos com formas assintomáticas da doença celíaca. Os pesquisadores também chamaram a atenção para dois participantes do estudo com resultados positivos: a primeira era uma mãe com um histórico de vários anos de infertilidade. Depois de adoptar uma dieta isenta de glúten, ela ficou grávida, o que faz ressaltar a importância do rastreio para ajudar a prevenir complicações graves da doença celíaca não diagnosticada (não tratada), tais como infertilidade. O segundo caso foi o de um irmão de oito anos de idade, que tinha sido testado vários anos antes. Nessa altura, os resultados foram negativos. Mas quando participou na pesquisa, os resultados foram positivos, pelo que estes investigadores recomendam que o teste seja repetido a cada dois ou três anos.

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segunda-feira, 8 de abril de 2013

Panquecas fofas

Mais uma receita de panquecas, desta vez uma experiência minha, que resulta numas panquecas muito fofas (daí o título). O filho gostou da nova versão, já o pai permanece fiel à receita do costume, o mais novo come tudo desde que seja doce.

Ingredientes:
250 gramas de farinha sem glúten (Doves Farm Self Raising, que já traz fermento e goma xantana)
25 gramas de amêndoas em pó
250 ml de leite/leite vegetal
2 colheres de sopa de sumo de limão
100 ml água
1 colher de sopa de açúcar
½ colher de chá de essência de baunilha
½ colher de chá de bicarbonato de soda
2 ovos L
35 gramas de óleo de coco/vegetal/manteiga derretida

Numa tigela coloque o leite e o sumo de limão e reserve. Caso consiga comprar leitelho (“buttermilk”), use-o na mesma proporção.

Noutra tigela, misture a farinha com as amêndoas, o açúcar e o bicarbonato de soda. Abra um buraco no meio e coloque aí o leite, a água, a essência de baunilha, os ovos e a gordura da sua preferência. Bata com uma vara de arames até obter uma mistura homogénea.

Aqueça uma frigideira e coloque colheradas de massa (use a colher de servir a sopa). Quando os cantos estiverem definidos e a massa borbulhar no centro da panqueca, vire-a com uma espátula e deixe cozinhar durante mais um minuto.

Retire para um prato e sirva, quente, com a cobertura que preferir: manteiga, chocolate, canela, xarope de ácer (“maple syrup”), mel, compota… Opcionalmente pode acrescentar canela à massa, ou então frutos como os mirtilos ou bananas, ou ainda pepitas de chocolate.

Esta receita rende 10 panquecas de 10-12 centímetros.



As panquecas da mãe, com mirtilos




sexta-feira, 5 de abril de 2013

Em que momento se instala a intolerância?

Já é sabido que a ingestão de glúten mais a existência de genes que predispõe à intolerância ao glúten são factores necessários para que a condição se instale. O terceiro factor são as condicionantes ambientais e aí, os investigadores ainda não conseguiram identificar o que faz “disparar o alarme”. As teorias são várias: uma gravidez, uma cirurgia, stress emocional, uma infecção gastrointestinal… Não se consegue mesmo saber quando a doença se instalou, i.e., não há uma sucessão lógica de eventos. Apesar de, por exemplo, termos sido operados ao apêndice e de se terem seguido fortes crises intestinais que levaram a um diagnóstico de DC, não se consegue estabelecer uma relação causal- a DC podia ser pré-existente mas só se ter manifestado com sintomas óbvios após a cirurgia.


Imagem retirada da Net

O estudo de 2012 que trago hoje aponta um possível caminho. Este estudo sueco foi feito no âmbito de, na Suécia, se ter dado um grande aumento nos casos de doença celíaca em crianças menores de dois anos de idade. Uma equipa de investigação estudou a possível ligação entre infecções precoces nesse período da vida da criança e doença celíaca, assim como o seu possível papel na explosão de casos de doença celíaca em crianças suecas.

“Infecções precoces estão associadas a risco aumentado para a doença celíaca: um estudo de ocorrência de casos-referentes

Resumo
A doença celíaca é definida como uma "enteropatia crónica do intestino delgado imuno-mediada precipitada pela exposição ao glúten em indivíduos geneticamente predispostos. A Suécia tem experimentado uma "epidemia" da doença celíaca em crianças abaixo de dois anos de idade. A etiologia da doença celíaca é considerada multifactorial, no entanto, pouco se sabe a respeito do risco ou potenciais factores de protecção. Apresentamos dados sobre a possível associação entre o início de episódios de infecção e doença celíaca, incluindo a sua possível contribuição para a epidemia sueca de doença celíaca.

Métodos
Um estudo de ocorrências de casos – referentes de base populacional (475 casos, 950 referentes) com informações sobre a exposição ao glúten obtidas por meio de um questionário (onde se incluía as características da família, alimentação infantil e da saúde geral da criança) foi realizado. Os casos de doença celíaca foram diagnosticados antes dos dois anos de idade, cumprindo os critérios diagnósticos da Sociedade Europeia de Gastroenterologia Pediátrica, Hepatologia e Nutrição. Os referentes foram selecionados aleatoriamente a partir do registo da população nacional depois de cumprirem critérios de correspondência. As análises finais incluíram 954 crianças, 373 (79%) casos e 581 (61%) referentes, com informações completas sobre as principais variáveis ​​de interesse de um conjunto combinado de um caso com um ou dois referentes.

Resultados
Ter três ou mais episódios infecciosos relatados pelos pais, independentemente do tipo de infecção, durante os primeiros seis meses de vida foi associado com um risco significativamente aumentado de doença celíaca mais tarde, e este permaneceu após o ajuste para a alimentação infantil e situação socioeconómica (rácio de probabilidade [OR] 1,5, intervalo de confiança de 95% [IC], 1,1-2,0, P = 0,014). O risco de doença celíaca aumentou sinergicamente se, além de ter vários episódios de infecção, as crianças tiveram grandes quantidades de glúten introduzidas na dieta, em comparação com quantidades pequenas ou médias, após a amamentação ter sido interrompida (OR 5,6, 95% CI, 3,1-10; P <0,001).

Conclusão
Este estudo sugere que ter episódios de infecção repetidos no início da vida aumenta o risco para a doença celíaca mais tarde. Além disso, encontramos um efeito sinérgico entre infecções precoces e a quantidade diária de ingestão de glúten, mais acentuado entre as crianças em quem o aleitamento materno foi interrompido antes da introdução do glúten. Quanto à contribuição para a epidemia sueca de doença celíaca que, em parte, foi atribuída a alterações simultâneas na alimentação infantil, as infecções precoces provavelmente tiveram uma pequena contribuição através do efeito sinérgico com a quantidade de glúten ingerida."

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quinta-feira, 4 de abril de 2013

Cada vez mais informação

Nada como começar o mês com notícias fresquinhas: a Visão de hoje traz um artigo de quatro páginas intitulado “A Moda da Dieta Sem Glúten”. Apesar do meu receio inicial de que a reportagem teria sido feita no modo “super-dieta de Hollywood para emagrecer”, a Visão fez prevalecer o seu espírito jornalístico e acaba por ser um artigo bastante completo onde se aborda tanto a doença celíaca como a sensibilidade ao glúten não-celíaca. Inclui mesmo uma pequena entrevista ao Dr. William Davis, o autor do famoso livro “Wheat Belly” e duas receitas, assim como fala com médicos, nutricionistas, doentes celíacos e empresas que vendem produtos sem glúten.

Vale principalmente porque é mais um artigo sobre esta temática tão ignorada, ou seja, mais uma oportunidade para que a informação chegue a quem dela precisa. 

Esta tendência é crescente e isso nota-se no maior cuidado que os fabricantes têm em informar da isenção de glúten nos seus produtos, quando há apenas dois anos atrás isso não acontecia. Encontrei recentemente duas marcas que passaram a incluir um símbolo Sem Glúten nos seus produtos e “assim, grão a grão, a galinha enche o seu papo”. Ora vejam:



Molho para Bolonhesa Pingo Doce






















Maionese Vianeza
















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